PM vira réu por homicídio de Guigo e pode ir a júri popular; prisão preventiva é decretada

O Ministério Público de Limeira denunciou à Justiça o policial militar M.A., de 46 anos, pela morte do empresário do ramo de guinchos Wagner Rogério da Silva, de 39 anos. Guigo, como era conhecido, foi espancado na madrugada de 16 de dezembro de 2021. O PM é acusado de homicídio triplamente qualificado e a Promotoria pede que ele seja julgado por júri popular.

Nesta quarta-feira (20/04), o juiz Ricardo Truite Alves, da 2ª Vara Criminal de Limeira, recebeu a denúncia e abriu a ação penal contra o PM. O magistrado também acatou o pedido do MP e decretou a prisão preventiva do policial. “O delito em questão é concretamente grave, ante as imagens e vídeos que circulam na rede mundial de computadores e redes sociais, assim como os noticiários que divulgaram a prática delituosa, com ampla repercussão social”, apontou o juiz.

O mandado de prisão foi expedido e o DJ apurou que o PM deve se apresentar à polícia.

A conclusão do MP foi diferente da Polícia Civil. O relatório final do inquérito indiciou o PM pelo crime de lesão corporal seguida de morte, delito cuja pena é menor em relação ao homicídio e que não é julgado por júri popular.

A promotora Débora Bertolini Ferreira Simonetti diz que o PM assumiu os riscos ao espancar o empresário. Ela aponta, como qualificadoras, motivo torpe, o uso de meio cruel e recurso que dificultou a defesa de Guigo, atingido por socos e chutes que causaram os ferimentos que o levaram à morte.

O que a polícia apurou?

Os fatos ocorreram em um estabelecimento noturno localizado à Rua Treze de Maio, no Centro. Pelas imagens do circuito interno do local, foi possível visualizar que o empresário gesticulou em direção a um casal. Próximo à saída da casa noturna, percebe-se um desentendimento entre Guigo e o policial militar. O casal não deixou as dependências do local.

O empresário foi retirado do estabelecimento, em tentativa de pacificar a questão, mas ficou insatisfeito e tentou reingressar no local. Logo na porta, estavam o PM e outros pessoas. Houve nova troca de insultos, que termina com agressões mútuas, empurrões e socos. Na confusão generalizada, o PM partiu para cima do empresário e o agrediu de forma descontrolada, segundo a conclusão da polícia. Guigo caiu ao chão e continuou sofrendo as agressões.

Amigos de Guigo tentaram convencê-lo a ir embora. A princípio, ele concordou e se retirou do local. Passados alguns minutos, o empresário retornou, desembarcou de seu caminhão sem camisa e voltou-se contra o PM. O policial acreditou que Guigo estivesse armado e sacou a própria arma que portava. Depois, notou que o oponente estava desarmado, guardou a sua, e ambos entraram novamente em luta corporal. O PM voltou a dar chutes no empresário.

Autor principal das agressões

“A vítima, em razão das inúmeras agressões praticadas pelo denunciado, sofreu equimose da ponte nasal em ambas as regiões periorbitárias, hematomas subgaleais na região frontal e occipital, hematoma subdural com hernia de uncus associada, traumatismo cranioencefálico e fraturas dos ossos da face, sendo socorrida pelo SAMU à Santa Casa local, mas foi constatado seu óbito em razão da gravidade dos ferimentos”, apontou a promotora. Segundo ela, o inquérito aponta o PM como o autor principal da primeira e segunda agressões contra Guigo.

Ouvido pela polícia, o policial militar afirmou que estava de folga naquela noite e, quando Guigo retornou ao local, teria dito que ia matá-lo. Relatou que jamais imaginou que a vítima viesse a morrer, tendo apenas revidado as agressões. Confirmou que foi ele quem acionou o SAMU por celular e permaneceu local até o socorro chegar.

Com o recebimento da denúncia, a ação penal foi aberta e o PM será citado para apresentar resposta à acusação no prazo de 10 dias.

ATUALIZAÇÃO: Leia também: PM acusado pela morte de Guigo se apresenta à delegacia e é preso

Foto: Reprodução

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