Caso Guigo: PM é indiciado por lesão corporal seguida de morte

A Polícia Civil de Limeira concluiu as investigações sobre a morte do empresário do ramo de guinchos Wagner Rogério da Silva, de 39 anos. Guigo, como era conhecido, foi espancado na madrugada de 16 de dezembro de 2021. O relatório final, entregue à Justiça no último dia 21, indicia um policial militar pelo crime de lesão corporal seguida de morte e outro homem apenas pelo delito de lesão corporal. Agora, caberá ao Ministério Público (MP) pedir mais diligências ou oferecer a denúncia.

Segundo a investigação policial, tudo começou com uma discussão dentro de um estabelecimento noturno localizado à Rua Treze de Maio, no Centro, que envolveu Guigo e mais quatro pessoas. Pelas imagens do circuito interno do local, foi possível visualizar que o empresário gesticulou em direção a um casal. Próximo à saída da casa noturna, percebe-se um desentendimento entre Guigo e o policial militar. O casal não deixou as dependências do local.

O empresário foi retirado do estabelecimento, em tentativa de pacificar a questão, mas ficou insatisfeito e tentou reingressar no local. Logo na porta, estavam o PM e outros pessoas. Houve nova troca de insultos, que termina com agressões mútuas, empurrões e socos. Foi neste ato que o homem indiciado por lesão corporal agrediu Guigo com um chute, na tentativa de desequilibrá-lo, o que não ocorreu.

Na confusão generalizada, o PM partiu para cima do empresário e o agrediu de forma descontrolada. Guigo caiu ao chão e continuou sofrendo as agressões. Um homem ouvido pela polícia relatou que tentou levantar Wagner, o que foi interpretado por algumas pessoas como se fosse uma agressão. Terminada a sequência, amigos de Guiho tentaram convencê-lo a ir embora. A princípio, ele concordou e se retirou do local. Passados alguns minutos, o empresário retornou, desembarcou de seu caminhão sem camisa e voltou-se contra o PM.

O policial acreditou que Guigo estivesse armado e sacou a própria arma que portava. Depois, notou que o oponente estava desarmado, guardou a sua, e ambos entraram novamente em luta corporal. Segundo o relatório policial, ao receber contragolpes, Guigo caiu no chão já praticamente desacordado e bateu a cabeça. Na sequência, o PM ainda deu-lhe um pisão na altura do peito, mas, percebendo a gravidade dos fatos, acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Esta dinâmica dos fatos foi compilada pela Polícia Civil a partir de uma análise criteriosa das imagens apresentadas, assim como das versões das pessoas ouvidas no inquérito policial. O delegado do 1º Distrito Policial (DP), Francisco Paulo Oliveira Lima, aponta que não houve colaboração por parte de algumas pessoas que presenciaram os fatos e poderiam auxiliar nas investigações, provavelmente, por temerem envolvimento com a Justiça.

A própria casa noturna também não colaborou em tudo que teria sido possível, segundo a polícia. Algumas pessoas envolvidas relataram que havia uma câmera no estabelecimento, mas as imagens não foram enviadas à delegacia.

Ouvido pela polícia, o policial militar afirmou que estava de folga naquela noite e, quando Guigo retornou ao local, teria dito que ia matá-lo. Relatou que jamais imaginou que a vítima viesse a morrer, tendo apenas revidado as agressões. Confirmou que foi ele quem acionou o SAMU por celular e permaneceu local até o socorro chegar.

Diferentemente do homicídio, cujo julgamento é de competência do júri popular, o delito de lesão corporal seguida de morte tem pena mais branda e é julgado por um magistrado. Enquanto a pena mínima do homicídio simples é de seis anos, a da lesão corporal seguida de morte é reclusão de 4 a 12 anos.

Com a entrega do relatório final à 2ª Vara Criminal, os autos serão remetidos ao Ministério Público (MP), que pode oferecer a denúncia contra os indiciados ou pedir novas diligências à Polícia Civil.

Foto: Reprodução

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