Caso Guigo: mais 2 podem responder na Justiça por omissão de socorro

Mais duas pessoas envolvidas nas agressões ao empresário do ramo de guinchos Wagner Rogério da Silva, de 39 anos, o Guigo, podem responder por crimes na Justiça de Limeira. Os casos serão examinados para eventual denúncia por outros delitos (lesão corporal e omissão de socorro), e não por homicídio. Guigo, como era conhecido, foi espancado na madrugada de 16 de dezembro de 2021 e morreu em decorrência dos ferimentos. O autor principal das agressões, um policial militar, já virou réu pela acusação de homicídio triplamente qualificado, pode ser submetido a júri popular e está preso.

Ao oferecer a denúncia contra o PM à Justiça na última semana, a promotora Débora Bertolini Ferreira Simonetti pediu extração de cópias do inquérito policial, inclusive dos vídeos que o acompanham, para a remessa a uma das varas criminais de Limeira para apuração da conduta de T.P.L.. Ele foi a outra pessoa indiciada pela Polícia Civil por crime de lesão corporal contra Guigo.

Conforme relatório final entregue à Justiça, no meio da briga generalizada, o homem agrediu o empresário com um chute, na tentativa de desequilibrá-lo, o que não ocorreu. A promotora citou, como possíveis delitos, a lesão corporal dolosa (art. 129 do Código Penal) – pena de 3 meses a 1 ano de detenção – e omissão de socorro a pessoa ferida (art. 135 do CP, parágrafo único), cuja pena é detenção de 1 a 6 meses, ou multa, com pena triplicada se a omissão resultar em morte.

O outro envolvido não foi indiciado pela Polícia Civil. Contudo, a promotora pediu a remessa de cópias do inquérito para o Juizado Especial Criminal para análise do crime de omissão de socorro a pessoa ferida eventualmente praticada por C.C.V.L. contra Guigo. Ele estava no local e presenciou as agressões.

Em despacho assinado na última quarta-feira (20/04), o juiz Ricardo Truite Alves, da 2ª Vara Criminal de Limeira, acatou os pedidos da promotora e, desta forma, as cópias serão distribuídas, conforme solicitado, a outras varas. Assim, as condutas dos dois serão analisadas por outros promotores para eventual oferecimento de denúncia, pedido de mais diligências ou promoção de arquivamento da investigação em relação a eles.

O que a polícia apurou?

Segundo a investigação policial, tudo começou com uma discussão dentro de um estabelecimento noturno localizado à Rua Treze de Maio, no Centro, que envolveu Guigo e mais quatro pessoas. Pelas imagens do circuito interno do local, foi possível visualizar que o empresário gesticulou em direção a um casal. Próximo à saída da casa noturna, percebe-se um desentendimento entre Guigo e o policial militar. O casal não deixou as dependências do local.

O empresário foi retirado do estabelecimento, em tentativa de pacificar a questão, mas ficou insatisfeito e tentou reingressar no local. Logo na porta, estavam o PM e outros pessoas. Houve nova troca de insultos, que termina com agressões mútuas, empurrões e socos. Foi neste ato que o homem indiciado por lesão corporal agrediu Guigo com um chute, na tentativa de desequilibrá-lo, o que não ocorreu.

Na confusão generalizada, o PM partiu para cima do empresário e o agrediu de forma descontrolada. Guigo caiu ao chão e continuou sofrendo as agressões. Um homem ouvido pela polícia relatou que tentou levantar Wagner, o que foi interpretado por algumas pessoas como se fosse uma agressão. Terminada a sequência, amigos de Guiho tentaram convencê-lo a ir embora. A princípio, ele concordou e se retirou do local. Passados alguns minutos, o empresário retornou, desembarcou de seu caminhão sem camisa e voltou-se contra o PM.

O policial acreditou que Guigo estivesse armado e sacou a própria arma que portava. Depois, notou que o oponente estava desarmado, guardou a sua, e ambos entraram novamente em luta corporal. Segundo o relatório policial, ao receber contragolpes, Guigo caiu no chão já praticamente desacordado e bateu a cabeça. Na sequência, o PM ainda deu-lhe um pisão na altura do peito, mas, percebendo a gravidade dos fatos, acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Guigo não resistiu e morreu.

Foto: Reprodução

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.