O Tribunal do Júri de Cordeirópolis condenou nesta quinta-feira (17) dois envolvidos que, em 2020, tentaram matar três homens a tiros. O que chama a atenção no caso é a história que resultou na tentativa de morte. O alvo dos réus era um homem que resgatou outra pessoa de um “tribunal do crime”.

A denúncia foi assinada pelo promotor Hélio Dimas de Almeida Junior e ele acusou três pessoas: J.N.N., vulgo “Chocolate”, M.H.S. e a mulher K.C.A.L. Para o Ministério Público (MP), eles ajustaram a execução de um homem e de quem mais estivesse ao seu lado no momento do crime. “Para tanto dividiram as tarefas. J. assumiu a função de providenciar a arma de fogo e efetuar os disparos, enquanto M. e K. ficaram responsáveis por prestar o auxílio material, consistente em orientar espacialmente J. a respeito da localização exata das vítimas e, ainda, apagar as luzes com o objetivo de dificultar possível identificação do autor dos disparos”, descreveu o promotor.

Depois que se organizaram, M. e K. foram ao local onde iria ocorrer o crime na Avenida Wilson Diório, na Vila Nossa Senhora de Aparecida, e notaram que o alvo deles estava com outros dois homens numa confraternização, participando de um churrasco. “O bagulho vai ficar louco, pois acontecerá uma tragédia aqui”, disseram alto para os pedestres. Para o promotor, eles faziam alusão aos tiros que seriam disparados contra as vítimas.

Assim que identificou a vítima, a mulher avisou “Chocolate” e indicou a localização exata das vítimas, além de sinalizar para seu companheiro M. para que ele desligasse a iluminação do local. “Após M. apagar as luzes, o casal passou a chamar J., dizendo ‘agora venha que apagou a luz’. De imediato J., vestido de roupa preta para dificultar sua visibilidade, ingressou no beco com uma arma de fogo em punho, dirigiu-se até as vítimas e passou a efetuar disparos”, denunciou o promotor.

Três pessoas foram atingidas, foram socorridas e sobreviveram. J., que tinha deixado a prisão e assumido o tráfico de drogas naquele ponto, fugiu e foi localizado em Rio Claro (SP).

A HISTÓRIA QUE RESULTOU NA TENTATIVA DE HOMICÍDIO
A tentativa de homicídio foi consequência de uma história que começou em 8 de abril, quando os três acusados pelo MP e outras pessoas da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) de Rio Claro promoveram “Tribunal do Crime” para julgar uma pessoa acusada de ter estuprado uma moradora do Pátio da Estação, em Cordeirópolis.

No dia do “Tribunal do Crime”, o alvo dos acusados foi ao local com um artefato explosivo, que utilizou para fazer um grande barulho e assim dispersar o bando, resgatou o homem que seria executado e o levou à rodoviária, auxiliando-o a se evadir para permanecer vivo.

O MP mencionou que J. já havia incendiado o barraco da vítima do julgamento, além de torturá-lo no dia do “Tribunal do Crime”. A suposta mulher estuprada é irmã de K. e, segundo as investigações, quando colocada frente à frente com o homem que seria executado, ela negou ter sido vítima de estupro, mas “Chocolate” teria insistido na perseguição ao homem. Por isso, o trio passou a se organizar para executar o homem que resgatou a vítima do “Tribunal do Crime”. E colocaram o plano em prática no dia 12 de abril.

À Justiça, o MP pediu que J., M. e K. fossem condenados, três vezes, por tentativa de homicídio com duas qualificadoras: motivo torpe e emboscada, mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima.

O JULGAMENTO
O julgamento ocorreu nesta quinta-feira (17) e os jurados entenderam que J. e M. foram culpados por parte dos crimes. O juiz Luiz Gustavo Primon fixou a pena de J. em 17 anos e 6 meses de reclusão por tentativa de homicídio qualificado contra duas das vítimas, enquanto que M. recebeu pena de 11 anos e 8 meses de reclusão por tentativa de homicídio qualificado contra uma vítima. K. foi absolvida de todas as acusações. A defesa pode recorrer.

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