Renascer: um novo olhar sobre um clássico

por Farid Zaine
@farid.cultura

Quando uma novela acaba, os seus fãs passam por um período de “orfandade”, até se decidirem por atender aos apelos insistentes da nova produção que, em geral, pena para conseguir audiência nas primeiras semanas. Não foi o que aconteceu com “Renascer”, a nova novela da Globo, escrita por Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, autor do texto original da produção exibida há mais de 30 anos e que se constituiu num marco da teledramaturgia brasileira. “Renascer” estreou com audiência semelhante à conquistada por “Terra e Paixão”, de Walcyr Carrasco, apenas em seus capítulos finais, após uma trama caótica e pra lá de inverossível ter atingido os 30 pontos de audiência . “Terra e Paixão” será mais lembrada pelo casal “Kelmiro” (Kelvinho e Ramiro, interpretados por Diego Martins e Amaury Lorenzo, ótimos), do que pelo casal de protagonistas, Aline e Caio (Bárbara Reis e Cauã Reymond), que não conseguiu química suficiente para atrair a torcida do público.

“Renascer” já chegou grande. Os 12  capítulos da primeira fase mostraram a que veio a nova trama das 21h. Com uma produção requintada, reconstituição de época perfeita, primorosa direção de arte, trilha sonora e todos os requisitos técnicos de alta qualidade, a novela conquistou a audiência desde o primeiro capítulo, levado ao ar no dia 22 de janeiro. A história do homem que finca seu facão junto a um jequitibá, jurando ter plantado ali sua alma, e que do nada constrói uma fortuna com suas plantações de cacau, teve o toque necessário de Bruno Luperi para se adaptar aos novos tempos.

Emocionante e ágil, “Renascer”arrebatou os corações com o romance entre o Coronel José Inocêncio , interpretado com garra por Humberto Carrão, e Maria Santa, papel da bela e ótima  Duda Santos. O casal caiu nas graças do público e a morte de Maria Santa, após dar à luz ao quarto filho, comoveu o Brasil e agitou as redes sociais. Além dessa dupla, a primeira fase contou com participações magníficas de Antonio Calloni, como o Coronel Belarmino e Enrique Diaz, como o Coronel Firmino, o Pica-Pau. Juliana Paes brilhou como Jacutinga, a dona do bordel, e permanece no início da segunda fase. Permanecem também o sempre brilhante Matheus Nachtergaele , como Norberto,   Chico Diaz, como Padre Santo e a excelente Edvana Carvalho, como Inácia. O jovem ator amazonense Adanilo, do filme “Noites Alienígenas”, encantou como Deocleciano, agora substituído pelo grande Jackson Antunes. Uiliana Lima emocionou como Morena, na segunda fase interpretada por Ana Cecília Costa.

“Renascer” entrou na sua segunda fase com a tarefa nada fácil de manter, por mais aproximadamente 180 capítulos, o interesse gerado pelo seu magnífico começo e a ótima audiência atingida. A mudança bem radical, com a entrada de paisagens urbanas da atualidade, pode afastar uma parte do público, aquela que ficou especialmente encantada com os cenários e as tramas do princípio da história. Marcos Palmeira (José Inocêncio), Juan Paiva (João Pedro, o filho rejeitado) e Theresa Fonseca (Mariana, que seduz pai e filho), junto a um elenco muito bem escalado, já deram provas de que as coisas vão ferver. Por enquanto, por sua primeira e primorosa fase, “Renascer” merece 5 estrelas ! Resta acompanhar o que vem por aí para conferir se essa avaliação vai se sustentar até o final.

Imagem: TTV Globo/Divulgação

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