Oscar 2024: um belo show com poucas surpresas

por Farid Zaine
@farid.cultura

Começo esta matéria reprisando o que dissemos na semana passada sobre “Oppenheimer”, quando fizemos nossas apostas sobre quem seriam os vencedores:

Oppenheimer – A história do físico J.R.Oppenheimer, um dos responsáveis pela criação da bomba atômica, já figura como um dos melhores filmes dos últimos anos. Recordista de indicações nesta edição do Oscar, com 13, deve ter suas qualidades reconhecidas na principal noite do cinema, vencendo em 8 categorias: Melhor Filme, Melhor Direção (Christopher Nolan), Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr),Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som (só perde nessa categoria para “Zona de Interesse”) e Melhor Edição.”

Pois bem: Aconteceu assim: previmos 8 Oscars para Oppenheimer, com a ressalva de que poderia perder o de Melhor Som, e que neste caso, esse prêmio iria para “Zona de Interesse”. Foi o que aconteceu. E reforço que o som de “Zona de Interesse” é realmente excepcional, criando todo o clima tenso e sombrio do filme.

Quem viu a cerimônia do Oscar no domingo, 10 de março, pode conferir Ryan Gosling numa performance arrasadora interpretando a canção “I´m Just Ken”, que estava indicada ao Oscar da categoria, mas perdeu para outra canção de “Barbie”, a delicada “What Was I Made For”, interpretada por Billie Eilish, e que, como previmos, foi a vencedora. Aliás, como também previmos, foi o único prêmio dentre as 8 indicações que o longa de Greta Gerwig venceu. O número interpretado por Ryan Gosling foi o mais aplaudido da noite, e realmente mereceu. Cinéfilos vão se lembrar da referência feita pela coreografia ao clássico de 1953 “Os Homens Preferem as Loiras”, em que Marilyn Monroe, com um belo vestido rosa canta “Diamonds Are a Girl´s Best Friend”; pois bem, Gosling, na pele de Ken, vestindo um terno cor de rosa e cercado de bailarinos, interpretou a canção de forma engraçada e musicalmente bem conduzida.

Na matéria veiculada pelo Diário de Justiça, através da coluna “Cláusula Cultural”, no sábado que antecedeu o Oscar, praticamente antecipamos os vencedores nas seguintes categorias: filme, diretor, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro original, roteiro adaptado, fotografia, trilha sonora, direção de arte, figurinos, filme internacional, documentário de longa metragem, curta de animação, curta metragem, canção original, efeitos visuais e edição.

Uma das poucas surpresas foi o Oscar de Melhor Atriz para Emma Stone, embora ela esteja sensacional em “Pobres Criaturas”. Stone já venceu pelo musical “La La Land”, e tudo indicava que neste ano a vitoriosa seria Lily Gladstone, primeira atriz indígena a ser indicada, não apenas por esse motivo, mas porque ela tem uma interpretação belíssima no longa de Martin Scorsese, “Assassinos da Lua das Flores”, indicado a 10 Oscars, mas que acabou ficando sem nenhum.

Um grande momento da cerimônia foi quando o diretor de “20 Dias em Mariupol” , Mstyslav Chernov, vencedor como Melhor Documentário, fez um contundente discurso declarando que “nunca queria ter feito esse filme”. Ele tem toda a razão, pois o seu longa só foi realizado por existir uma insana, longa e incompreensível guerra motivada pela invasão russa na Ucrânia.

Outro momento emocionante foi a costumeira homenagem aos que morreram no ano, In Memoriam, nesta edição feita com Andrea Boccelli e seu filho Matteo interpretando “Com Te Partiró”. No início da homenagem quem apareceu foi Alexei Navalny, o homem que enfrentava Putin, foi envenenado e sobreviveu para voltar a Moscou e ser assassinado. Sua história , principalmente o caso do envenenamento num avião em que viajava, foi extremamente bem contada no documentário “Navalny”, merecidamente vencedor do Oscar da categoria em 2023.|

Vale a a pena conferir toda a safra de filmes desta temporada. Dentre os indicados a Melhor Filme, não há nenhum que não seja muito bom, assim como entre os indicados a Melhor Filme Internacional. O Oscar 2024 , além da marca cor de rosa de Barbie e da coreografia de Ken, ficará para sempre lembrado pela explosão da bomba em “Oppenheimer”, pela banalização do mal mostrada em “Zona de Interesse”, pela inusitada dança de Bella Baxter com Duncan Wedderburn (Emma Stone e Mark Ruffalo) em “Pobres Criaturas”, pelo olhar da índia Mollie (Lily Gladstone) de “Assassinos da Lua das Flores” e pela bela esnobada em Martin Scorsese.

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