Desmatamento em Limeira: análise e desafios

Por Thomaz Almeida
@almeidatcgeo

Parte 1 – Análise

O desmatamento da Amazônia vem sendo motivo de grande preocupação, mas será que o problema do desmatamento é apenas lá? Vamos olhar um pouco para a Mata Atlântica de Limeira?

Desde 1985, conforme levantamento do MapBiomas (1), cerca de 1.000 hectares de Mata Atlântica foram desmatados em Limeira. Para termos uma ideia de dimensão, essa área corresponde a mais de 1.000 campos de futebol! A nossa taxa anual de desmatamento é escandalosa – perdemos anualmente mais de 270 hectares de floresta nativa! Espantoso, né? Segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo realizado em 2020 (2), Limeira possui um percentual muito baixo de cobertura florestal nativa e um dos piores índices do Estado – apenas 11,9% do nosso território está ocupado com Mata Atlântica.

Outro dado interessante é que nas últimas décadas as áreas urbanas em Limeira cresceram mais de 250%. Em outras palavras, nós gastamos mais do que ganhamos ambientalmente: as áreas que produzem serviços ambientais diminuíram muito e as áreas que demandam serviços ambientais aumentaram bastante. Não é preciso ser especialista para perceber que a conta ambiental não fecha. É importante também notarmos uma contradição: Limeira ocupa a 27º posição de maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os municípios paulistas (3), mas está na 419º posição de percentual de Mata Atlântica (4).

A Zona de Proteção de Mananciais – ZPM

O abastecimento de água pública em Limeira é feito através dos cursos d’água e represas que estão dentro dos limites da Zona de Proteção de Mananciais – ZPM.

A ZPM foi estabelecida em Limeira através da Lei Complementar 212/1999 e que posteriormente através de legislação específica, Lei Complementar nº 222/1999 e suas alterações, estabeleceu as normas para a preservação, proteção e recuperação da Zona de Proteção de Mananciais. Também, o Plano Diretor Territorial-Ambiental do Município de Limeira (Lei Complementar nº 442/2009 e suas alterações) estabelece em seu artigo 33º as diretrizes da Macrozona Rural de Proteção aos Mananciais – MZR – PM.

Temos uma Política Municipal de Recursos Hídricos há mais de 20 anos. A questão que precisa ser feita: ela é bem ou mal aplicada?

Com o objetivo de identificar a situação atual da Mata Atlântica na ZPM, dentro e fora das APP’s (Áreas de Preservação Permanente), eu utilizei imagens do Satélite CBERS-4A (5) datadas do dia 29/04/2021, que são distribuídas gratuitamente pelo INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Após o tratamento das imagens, eu fiz algumas análises em um SIG (Sistema de Informação Geográfica) para mapear e quantificar a Mata Atlântica remanescente dentro da ZPM. Os dados foram:

Apenas 9,61% da ZPM está ocupada com Mata Atlântica. Também, praticamente 50% das APP’s da ZPM estão desmatadas. No próximo ano, vale lembrar, esses dados serão diferentes e menores. Mais áreas serão desmatadas!
Então, o que fazer? Vou tentar responder com a ajuda do filósofo Roger Scruton (1944-2020).

Thomaz Almeida é empresário e biólogo.

Referências:
1 – https://mapbiomas.org/estatisticas
2 – https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/2020/08/novo-inventario-florestal-do-esp-aponta-crescimento-de-214-mil-hectares-de-vegetacao-nativa-no-territorio-paulista
3 – https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9088-produto-interno-bruto-dos-municipios.html
4 – https://smastr16.blob.core.windows.net/home/2020/07/tabela-municipio-inventario-florestal-if-2020.pdf
5 – http://www2.dgi.inpe.br/catalogo/explore

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