A espetacularização das mídias sobre as guerras

por Roberson Augusto Marcomini

O que é espetáculo? Será que sofremos a espetacularização midiática sobre as guerras hoje? Onde encontramos o espetáculo midiático? O poder da mídia muitas vezes é colocado como a capacidade de transformar a realidade impondo sua vontade, e por isso mesmo é que somos as vezes corrompidos. Na filosofia não buscamos respostas prontas, e não fazemos perguntas para encontrar respostas, mas sim questionar as respostas estabelecidas de uma sociedade.

O pensador que vai nos ajudar a trilhar este caminho é Guy Debord (1967), filósofo, cineasta e crítico cultural francês que antecipa uma crítica moderna da sociedade de consumo em uma perspectiva de “espetáculo”. Será que consumimos muita mídia? Precisamos entender que Debord foi o responsável por cunhar a expressão “sociedade do espetáculo” para um tipo de cultura da mídia que estava sendo desenvolvida no século XX e hoje, no século XXI, permanece ainda latente seu conceito da sociedade de espetáculo.

Ele definiu o espetáculo como o conjunto das relações sociais mediadas pelas imagens. Sim, pelas imagens e hoje podemos ver a intenção desta alienação espetacular é submeter a si os homens vivos, somos os grandes produtores de imagens, a imagem é o subproduto da espetacularização e na medida em que a economia já os submeteu totalmente.

Em 1950 a guerra do Vietnã período este que os televisores começaram a chegar nas casas de algumas pessoas, sendo assim a força das imagens de morte e dor, como a foto que marcou a memória de muitas pessoas a menina vietnamita correndo nua, com o corpo queimado mobilizou a opinião pública, protestos enfraqueceram a decisão americana.

Em 1991 a guerra do Golfo, conflito entre Estados Unidos e Iraque que se encerrou há 31 anos, em 28 de fevereiro de 1991, foi a primeira vez que um conflito era transmitido ao vivo, por meio de uma narrativa que não aparecia mortos, o que você via era algo parecido com um vídeo game, em que os alvos eram atingidos, sem aparecer os corpos.

Em 2022 a guerra da Ucrânia é a primeira guerra transmitida pelas redes sociais, sendo assim a tecnologia, na forma de armas e transporte, proporcionou para entendermos os meios diretos e indiretos que certos povos ampliaram suas conquistas. Sabemos que a Rússia tem o segundo maior poderio bélico do mundo, mas o que não sabíamos que a Ucrânia ao ser afetada em sua transmissão de TV, logo se recupera com ajuda do CEO da SpaceX Elon Musk e o serviço de internet volta a funcionar sua conectividade. A Rússia já demonstrou seu poder bélico, agora precisamos se a Ucrânia vai usar do poder midiático para enfraquecer os russos em sua própria casa, assim como ocorreu na guerra do Vietnã.

A espetacularização da guerra pode revelar o pior da humanidade, as vezes a “busca pela verdade” em um vídeo ao vivo. O que não podemos perder é a capacidade de compreender os erros do passado para evitar cometê-los de novo no futuro.

Roberson Augusto Marcomini é graduado em Teologia, tem licenciatura plena em Filosofia, doutorando em Sociologia, mestre em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, membro do Grupo de Pesquisa do Núcleo de Estudos de Religião, Economia e Política (NEREP/UFSCar), membro do Grupo de Pesquisa Ética e Justiça (Unicamp/Limeira)

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