Wislawa Szymborska

Por Fernando Bryan Frizzarin

Irene Vallejo é uma espanhola, doutora pelas universidades de Zaragoza e Florença, que realiza um intenso trabalho de divulgação do mundo clássico. Ela conquistou a atenção com seu livro “O Infinito em um Junco – A Invenção dos Livros no Mundo Antigo”.

Ao ler o livro, imaginei como seria ouvir a voz dela narrando o texto. A obra aborda a história do livro a partir do ponto de vista tanto de quem escreve quanto de quem lê. Dados científicos, mitos e experiências pessoais da autora são misturados de maneira empolgante, o que fez com que eu não largasse o livro até chegar ao fim.

Entre as muitas coisas que me chamaram a atenção sobre o conhecimento que Vallejo compartilhou, quase passou despercebida a menção a Wislawa Szymborska, na página 175, poetisa polonesa que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1996. Segundo a Academia Sueca, responsável pelo prêmio, a poeta possui “uma precisão irônica que permite que um contexto biológico e histórico apareça em fragmentos da realidade humana”.

No livro de Vallejo, fui apresentado ao poema “Contributo à Estatística” de Szymborska, que agora, na esperança de causar o mesmo espanto, choque e admiração que experimentei, compartilho com você.

“Em cem pessoas,
sabedoras de tudo melhor –
cinquenta e duas;

inseguras a cada passo –
quase todo o resto;

prontas para ajudar,
desde que não demore muito –
quarenta e nove;

sempre boas,
porque não conseguem de outra forma –
quatro, talvez cinco;

dispostas a admirar sem inveja –
dezoito;

constantemente receosas
de algo ou alguém –
setenta e sete;

aptas para a felicidade –
vinte e tal, quando muito;

Individualmente inofensivas,
em grupo ameaçadoras –
mais de metade, com certeza;

cruéis,
por força das circunstâncias –
é melhor não sabê-lo,
nem aproximadamente;

com trancas na porta depois da casa roubada –
quase tantas como
aquelas que as têm, antes da casa roubada;

não levando nada da vida a não ser coisas –
quarenta,
embora preferisse estar enganada;

agachadas, doloridas,
e sem lanterna no escuro –
oitenta e três,
mais tarde ou mais cedo;

dignas de compaixão –
noventa e nove;

mortais –
cem em cem.
Número, até agora, não sujeito a alterações”

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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