Vergonha perigosa

por Fernando Bryan Frizzarin

Tem gente que gosta de pornografia, tem que gente que condena.

Tem gente está bem com isso e tem gente que tem dependência crônica e, envergonhado da própria situação, quer alguma solução.

Tem gente que conhece alguém que tem esse problema e se envergonha pelo outro e, mesmo que na boa intenção acabe atrapalhando, quer ajudar de alguma forma.

Como para todo vício ou compulsão tem gente de tudo o que é tipo, círculo social e religião que tem problemas, sérios, que precisam de alguma orientação. No geral, ter alguém próximo que compreenda, acolha e ajude a encontrar o caminho é sempre uma boa ideia. Mas agora, com tanta coisa nova, inteligência artificial, a retomada das idas humanas para a Lua, novas vacinas, inovação, inovação e inovação, resolveram pedir ajuda à tecnologia.

E vejo um problema aí.

Fiquei sabendo que entre grupos de cristãos nada crescendo o uso de uns aplicativos que ganharam a carinhosa categoria de shame app, ou app da vergonha. A ideia é ter um aplicativo que expõe a pessoa que acessar pornografia para alguém da confiança dela.

O fluxo é simples: você instala o aplicativo no seu celular e escolhe entre seus contatos alguém de confiança que receberá prints com data, horário e localização se você acessar qualquer conteúdo pornográfico. Irá permitir que alguém saiba que você está fitando a imagem, ou vídeo, de um corpo nu, ou talvez outras coisas mais.

Há quem diga que isso pode estimular com que essas duas pessoas acabem se envolvendo sexualmente. Há quem diga que isso pode acabar com quaisquer chances com que essas duas pessoas acabem se envolvendo sexualmente, criando repulsa e realmente atingindo o objetivo desse tipo de aplicativo criando vergonha nos dois.

Eu penso que cada um faz o que quer, mas analisando essa ideia mais friamente tive calafrios em fortes preocupações com a segurança dos envolvidos. Não que possam correr risco físico iminente, mas terem problemas sérios com golpes, vazamentos de dados e aí sim, um problema sério e infinito de vergonha geral.

Além das preocupações imediatas com a vergonha causada pela exposição do consumo de conteúdo pornográfico, há questões mais profundas que podem surgir. Em primeiro lugar, a coleta e o compartilhamento de dados sensíveis, como histórico de navegação e localização, podem levar a violações de privacidade significativas. Isso poderia ser explorado por terceiros mal-intencionados para, principalmente, chantagem ou extorsão.

Além disso, a própria segurança do aplicativo pode ser comprometida e, se for, os dados podem ser armazenados de forma inadequada ou se o aplicativo for vulnerável a ataques cibernéticos, as informações pessoais dos usuários poderiam ser acessadas por hackers. Isso não só aumentaria o risco de chantagem, mas também colocaria em perigo a segurança financeira e até mesmo física dos usuários. Tudo em um lugar centralizado, visado e com um alvo marcado.

Por fim, se a confiança depositada no aplicativo e na pessoa escolhida como contato de confiança for abalada, por uma bobeira qualquer, um desentendimento grave, por exemplo, a chance de ocorrerem violações de segurança por vingança é fácil. Isso já é, mas não deveria, corriqueiro com casos de término de relacionamento. Só abrir o jornal para ler. Fora os casos que não são publicizados.

Tudo isso resulta em danos emocionais e psicológicos, ampliando ainda mais o impacto negativo da exposição do consumo de pornografia. Em última análise, a implementação desse tipo de aplicativo levanta preocupações profundas não apenas sobre privacidade e segurança cibernética, mas também sobre bem-estar emocional e mental dos envolvidos.

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

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