RIPLEY: Andrew Scott dá nova vida a Tom Ripley

por Farid Zaine
@farid.cultura

A obra de Patricia Highsmith, “O Talentoso Ripley”, parece ter sido concebida para acabar no cinema e na TV. A intrigante história de Tom Ripley, um rapaz pobre que vive de pequenos golpes financeiros em Nova York, graças à sua enorme capacidade de falsificar documentos e de se fazer passar por outra pessoa, é um achado, tanto para a literatura do gênero quanto para ser roteirizada para ser filme ou série.

Filme já foi duas vezes: a primeira em 1960, no já clássico “O Sol por Testemunha”, em que Tom Ripley foi interpretado por Alain Delon, o maior galã do cinema na época e um dos maiores ícones do cinema francês de todos os tempos; essa versão teve como diretor o competente René Clément, e logo virou um cult indispensável. Quase quarenta anos depois, Anthony Minghella (O Paciente Inglês), fez sua versão da obra, com o nome original “O Talentoso Ripley”, agora com Matt Damon como Ripley, acompanhado de um quarteto muito respeitável formado por Gwyneth Paltrow, Jude Law, Cate Blanchett e Philip Seymour Hoffman. O filme de Minghella foi muito bem nas bilheterias e recebeu 5 indicações ao Oscar. Tanto esse como o primeiro foram coloridos, realçando a beleza das regiões paradisíacas da Itália, onde se passa a maior parte da história.

Chega agora à Netflix – e era inevitável -, a minissérie “Ripley”, em 8 episódios, desta vez com uma espetacular fotografia em preto e branco, que remete a série ao fascinante clima de filme noir, mais apropriado ao romance de Highsmith.

Envolvente desde a abertura, a fotografia já antecipa um sentimento que perdurará por todos os episódios. Dirigida e roteirizada por Steven Zaillian, roteirista de “O Irlandês”, de Martin Scorsese, a série nos apresenta um novo Tom Ripley, criação impecável de Andrew Scott, ator muito requisitado atualmente. Scott, recentemente, fez par com Paul Mescal no belo drama “Todos Nós Desconhecidos”, em cartaz nos cinemas brasileiros; nesse longa ele faz um homem gay que conhece um parceiro, com quem divide a solidão e as memórias de uma tragédia acontecida na infância. Os dois estão brilhantes.

“O Talentoso Ripley”, livro de Patricia Highsmith, merecia há tempos uma série. Ela chega e dará chance a um grande público de conhecer ou revisitar a trajetória de Tom Ripley, uma das mais complexas e apaixonantes personagens das histórias de suspense e mistério. Andrew Scott entra com categoria na lista dos atores que deram vida ao irresistível golpista. Johny Flynn interpreta Dickie Greenleaf, papel de Jude Law na versão cinematográfica de 1999 e de Maurice Ronet na de 1960. A namorada de Dickie, Marge, personagem fundamental na trama, esteve na pele de Marie Laforêt em 1960, e na de Gwyneth Paltow em 1999; agora quem vive Marge é Dakota Fanning.

Assistir à minissérie “Ripley” é um prazeroso mergulho no universo noir proposto pelo diretor e roteirista. Contudo, para se conhecer mais profundamente a obra de Patricia Highsmith e percebê-la através de olhares diferentes, será mais prazeroso ainda curtir os longas “O Sol por Testemunha” e “O Talentoso Ripley”, ambos facilmente encontrados no streaming. Por enquanto a dose tripla (dois filmes e uma série limitada) é suficiente, mas já se especula se a Netflix resolverá o mistério de Ripley em uma possível segunda temporada.

RIPLEY – minissérie de Steven Zaillian, com Andrew Scott – 8 episódios já disponíveis na Netflix.
Cotação: **** MUITO BOM

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