O Dublê: a face do verdadeiro aventureiro

por Farid Zaine
@farid.cultura

Ryan Gosling, aos 43 anos, se não fizer mais nada no cinema, já pode se orgulhar de uma filmografia de peso. Em 2023 fez enorme sucesso como o Ken em “Barbie”, com uma performance arrasadora tanto no longa quanto na noite do Oscar. Com seu diretor conterrâneo, o canadense Dennis Villeneuve, participou de “Blade Runner 2049”, sequência de um dos maiores clássicos de ficção científica de todos os tempos, “Blade Runner – Caçador de Androides”, a obra-prima de Ridley Scott.

Com o diretor Damien Chazelle, mostrando sua enorme versatilidade, Gosling foi o par perfeito para Emma Stone no musical “La La Land – Cantando Estações”, um dos mais belos filmes do gênero, com interpretações maravilhosas da dupla de protagonistas. “La La Land”, musical revolucionário, figura entre os únicos três filmes a receber 14 indicações ao Oscar (os outros dois foram “A Malvada”, de 1950, e “Titanic”, de 1997), tendo vencido em 6 categorias, perdendo justamente o prêmio de melhor filme para “Moonlight”, quando o Oscar já havia sido entregue, numa das mais célebres gafes da história da Academia.

Chegou nesta semana aos cinemas brasileiros a aventura “O Dublê” (The Fall Guy), exibindo mais uma face do talento de Gosling, sob a direção de David Leitch, especialista em filmes de ação como “John Wick” e “Trem-Bala”, além de “Deadpool 2”. Leitch, que já foi dublê, faz sua reverência a esses profissionais da indústria cinematográfica que não aparecem, pois fazem as cenas perigosas e arriscadas no lugar dos astros e estrelas dos filmes, principalmente os de ação vertiginosa. No caso de “O Dublê” (The Fall Guy), o roteiro de Drew Pearce ajuda bastante: não só os dublês têm protagonismo o tempo todo, como a história é recheada de referências a diálogos famosos em filmes de sucesso.

“O Dublê” é também um bom exemplo de metalinguagem: a história gira em torno da filmagem de um longa de ficção científica, um “romance” entre um cowboy do futuro e uma alienígena, e tem tudo a ver com a relação entre o dublê, Colt Seavers (Ryan Gosling) e a diretora Jody (Emily Blunt); Colt, após sofrer um grave acidente durante as filmagens, desaparece por um tempo, até ser requisitado pela produtora Gail (Hannah Waddington) para voltar ao trabalho e descobrir o paradeiro do astro do filme, Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson), misteriosamente desaparecido.

Muita pancadaria, naturalmente, vai rolar nas mais de duas horas do filme, com cenas de ação bem conduzidas e com ótima edição. O longa reúne, além das referências a muitos filmes, diálogos e situações engraçadas, algumas até um pouco forçadas, como as do cão que só atende a comandos em francês.

“O Dublê” vale mais por ser um divertimento bem acabado e por trazer Ryan Gosling e Emily Blunt fazendo uma dupla interessante, além de valorizar e dar visibilidade à profissão de dublê. Não faz nenhum mal ao currículo de Gosling, mas ainda é preferível lembrar dele cantando “City of Stars”, numa das mais belas sequências de “La La Land”.

O DUBLÊ (The Fall Guy, 2024) – aventura cômica com Ryan Gosling e Emily Blunt, dirigida por David Leitch. Em cartaz nos cinemas.
Cotação: *** BOM

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