Por que a espatódea virou planta proibida em Limeira?

Desde a última quinta-feira (30/03), estão proibidos em Limeira a distribuição e o plantio das árvores da espécie Spathodea campanulata, também conhecida como espatódea, bisnagueira, tulipeira-do-gabão, xixi-de-macaco ou chamada-floresta. A vedação é imposta pela Lei 6.868/23, de autoria do vereador Dr. Júlio César Pereira dos Santos.

A proposta foi aprovada pela Câmara Municipal de Limeira em 13 de março passado. A espatódea e similiares foram incluídas na Lei 4.915/2012, que dispõe sobre a proibição do plantio de plantas tóxicas em logradouros públicos e partes exteriores de propriedades privadas limeirenses. Mas por que houve essa proibição?

Segundo o vereador, em condições favoráveis, como as encontradas em Limeira, a espécie é potencialmente invasiva. “Tem raízes pouco profundas e são relativamente frequentes os casos de queda de galhos [podres], fazendo com que esta árvore não seja uma boa opção em centros urbanos”, explica.

A justificativa do projeto traz detalhes sobre a espécie. A árvore, da família Bignoniacea, é de origem africana e tem grande porte, atingindo altura de 15 a 25 metros e diâmetro de 6 metros. Sua casca é fina, as folhas são opostas ou em verticilos de três, chegando aos 50 centímetros de comprimento. Possui flores numerosas e grandes, vermelhas por fora e amareladas por dentro, franjadas de amarelo na margem.

O principal problema, prossegue Dr. Júlio, está relacionado ao dano provocado à fauna. “A despeito de sua beleza, suas flores possuem alcaloides tóxicos, que são letais para as abelhas e os beija-flores que buscam seu néctar, tanto para a produção de mel como para alimento, causando, assim, grandes malefícios ao meio ambiente de forma geral”, esclarece.

O drama é o desequilíbrio ecológico, especialmente na época de florada da espatódea. Dr. Júlio lembra que abelhas, beija-flores e outras espécies de insetos e aves são os principais polinizadores, sem contar os prejuízos às pessoas que dependem da apicultura e meliponicultura como fonte de renda.

“As nossas abelhas nativas sem ferrão [melíponas] são as principais ‘vítimas’ dessa planta. Pesquisadores brasileiros acreditam que uma mucilagem presente no botão floral se mistura ao néctar da flor. Tal mucilagem é tóxica para as abelhas, que morrem quando ingerem o néctar. A morte de abelhas nativas pode trazer problemas para o ambiente natural por comprometer, como já mencionado, a polinização de outras espécies nativas”.

Pela lei sancionada pelo prefeito Mario Botion (PSD) nesta semana, o corte de árvores da espécie já fica autorizado em logradouros públicos. As árvores cortadas deverão ser substituídas pela Prefeitura de Limeira, de acordo com as normas técnicas estabelecidas pelo Departamento de Política Ambiental, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura, no prazo de até 30 dias após o corte.

Caso as árvores estejam plantadas em terreno particular, o corte fica subordinado à autorização, por escrito, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura. Cabe ao proprietário fazer o replantio de outra muda de espécie nativa no mesmo local. A fiscalização da lei será definida quando houver a regulamentação por parte do Executivo.

Foto: Pixabay

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