Poema de Natal

Por João Geraldo Lopes Gonçalves

“O que precisamos é manter a esperança viva. Porque, sem ela, vamos afundar” (John Lennon)

Hoje não tem textão na coluna, não tem assuntos que aborrecem a semana, por mais importantes que sejam, não tem aprofundamento de questão ou de cenário. Hoje tem o simples, porque o simples resolve tudo, já dizia Renato Teixeira.

E o Simples que vem da calma, mais uma de Renato, é sinônimo de Esperança. E esperança tem a ver com Natal.

A festa cristã e ao mesmo tempo pagã, principalmente nos dias atuais onde a sociedade de consumo define os rumos da vida dos seres humanos, é uma porta aberta para a Esperança.

Esperança de rever a família, de esperar por um presente e de poder presentear e de uma mesa farta de comes e bebes.

A esperança que os Judeus tinham na espera do Salvador, o Natal reacende com símbolos como a arvore, a figura mítica do Papai Noel e por aí vai.

Esperança também é Utopia. E Utopia não é um sonho, algo inatingível, impossível. Utopia se busca, se luta para ter.

Assim tentei escrever um poema de Natal ideal para um País com tamanhas desigualdades sociais, onde milhões de meninos e meninas com a face de Cristo morrem de fome.

Então vamos a ele.

A MINHA UTOPIA

Penso que se a fome acabasse
O Natal seria mais feliz e farto.
Mas é impossível a fome cessar?
Por quê?

Quem concentra poder?
Quem define rumos?
Concentra Capital?
Não são todos, não é?

Uma minoria de privilegiados.
Então por que não partilhar.
Não como esmola, desencargo de consciência.
Mas como projeto de mundo.

Ver uma criança morrer de fome dói
Mas não basta piedade, é preciso agir.
O gesto de solidariedade é o ato da manjedoura.
O simples salva vidas, como o nascimento de Cristo.

Sem lantejoulas, joias, leito confortável.
O Natal dos sonhos é o dos mendigos.
Como os Apóstolos que nada tinham
E cearam com o nosso Senhor.

Na Partilha do pouco, que se torna muito.
O Natal de minha Utopia não tem
Mulher e LGBTQ+ sendo mortos e violentados.
E não ficaram fora da ceia.

Como dentro estarão os Negros, Amarelos, Vermelhos,
Todas as cores, raças.
O Cristão de mãos dadas, com o Umbandista, com o Budista, com o ateu.

Ninguém pode ficar de fora.
A exclusão tem que ser exterminada.
Não faz sentido poucos terem muito,
E muitos terem pouco.

O Natal da Utopia, a distribuição,
É igualitária, justa e fraterna.

No abraço do Feliz Natal,
Que a Esperança não seja apenas,
Um sopro, um quase,
E sim real, palpável e visível.

Que os Jesus não precisam mais se esconder,
Ou morrer por conta da cor da pele ou do status social.
Que no Natal da Utopia, nossas crianças
Cantem Livres sobre os muros.

Renata e Denis, deste Diário de Justiça, um enorme abraço e um Feliz Natal ainda utópico, mas quem sabe possível um dia.

Aos que toda semana têm paciência de ler nossos escritos, um Feliz Natal, cheio de Esperanças.

Beijos a Todas e a Todos.

João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor e consultor político e cultural.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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