Os rejeitados: afago no coração

Por Farid Zaine
@farid.cultura

“Os Rejeitados”, novo longa do diretor Alexander Payne, não tem sido rejeitado na atual temporada de premiações do cinema. Pelo contrário, aparece em todas as indicações e seu astro principal, Paul Giamati, bem como a atriz coadjuvante Da´Vine Joy Randolph, estão ganhando tudo. Giamatti ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia ou Musical e o Critics Choice de Melhor Ator. Da´Vine também ganhou o Globo de Ouro (Atriz Coadjuvante em Comédia ou Musical) e o Critics Choice de Melhor Atriz Coadjuvante, entre vários outros. Dominic Sessa, que completa o trio principal de “Os Rejeitados”, também já foi premiado, inclusive com o Critics Choice de Melhor Jovem Ator.

Isso porque a temporada de premiações mal começou, e muitos prêmios relevantes, como BAFTA, DGA, SAG, PGA e outros ainda anunciarão seus indicados e premiados até que chegue a premiação máxima, o Oscar, no dia 10 de março. Os indicados às estatuetas de 2024 serão anunciados no próximo dia 23 de janeiro.

A citação dos prêmios foi só para mostrar a aceitação que vem tendo essa pequena joia que é o filme de Payne, “Os Rejeitados” (The Holdovers). A história é simples, mas carregada de emoções que fluem durante todo o longa, concebido a partir de um primoroso roteiro de David Hemingson, este também na mira das premiações. O foco de “Os Rejeitados” é um professor solitário, exigente e rabugento, Paul Hunham (Giamatti), que leciona História Antiga num Colégio Interno chamado “Barton Academy”, na Nova Inglaterra, proximidades de Boston, sendo detestado pelos alunos e pelos colegas.

No natal de 1970, ele é convocado para ficar na escola tomando conta de alunos que não puderam passar as férias de Natal com suas famílias; alguns conseguem reverter a situação, mas um deles, Angus (Dominic Sessa) precisa ficar. Então serão três que terão de aceitar a situação: o professor, interpretado por um perfeito Paul Giamatti, o aluno adolescente rebelde, vivido pelo novato – e excelente – Dominic Sessa, e a cozinheira, Mary, que perdeu o filho de 20 anos na Guerra do Vietnã, com soberba interpretação de Da´Vine Joy Randolph.

O que vemos no decorrer de “Os Rejeitados” é uma aula de humanidade e empatia. Três pessoas completamente diferentes, todas com seus dramas pessoais e suas histórias, passam a ter necessidade de abrir os corações no gelado isolamento da escola, num período em que afloram as emoções, o Natal. Quem nunca teve aquele estranho sentimento de solidão em tempos de festas de fim de ano?

Uma trilha sonora que pinçou preciosidades dos anos 1970, incluindo canções natalinas com belos arranjos,  como a clássica “White Christmas” , que é cantada pelos Swingle Singers, uma direção de arte perfeita nos seus mínimos detalhes e uma incrível sintonia entre os três intérpretes principais, fazem de “Os Rejeitados” um dos melhores filmes da safra atual. Falando em safra, Paul Giamatti estrelou outro filme de Alexander Payne, “Sideways – Entre Umas e Outras” (2004) , em que faz um homem apaixonado por vinhos.

Não é tarefa difícil o envolvimento com as situações e personagens de “Os Rejeitados”, o belo e tocante filme de Alexander Payne, potencial candidato ao Oscar em várias categorias (filme, diretor, ator, atriz coadjuvante, roteiro original e edição), o que não deixa de ser um alento nesses tempos tão carentes de afagos nos corações. Só por isso, já vale a pena.

Os Rejeitados (The Holdovers, EUA, 2023) – Comédia dramática de Alexander Payne, com Paul Giamatti, Da´Vine Joy Randolph e Dominic Sessa – em cartaz nos cinemas.

Cotação: **** MUITO BOM

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