O mistério da fita azul na faca que enteada usou para tentar matar o padrasto em Limeira

Eram 10h43 da manhã de um domingo com sol, em Limeira. Os soldados Conti e Jeferson faziam o patrulhamento de rotina quando receberam um comunicado da central da Polícia Militar, informando uma briga familiar em residência da Rua Bulgária, Jardim Nova Conquista, na zona leste da cidade. A equipe foi recebida por um garoto, aparentando ter 14 ou 15 anos. Com ele, uma faca com uma fita azul no cabo e um nome gravado no objeto eram prenúncios de algo fora dos eixos na residência.

A Polícia Civil vai aprofundar as circunstâncias que levaram à prisão uma mulher de 31 anos, acusada de tentar matar a facadas o padrasto, de 55 anos. O homem foi socorrido e precisou passar por cirurgia na Santa Casa. A mulher teve a prisão preventiva decretada pela Justiça nesta segunda-feira (17/05).

Os soldados relataram que o garoto que os receberam era parente da mulher e contou-lhes que ela teria esfaqueado o homem. A faca entregue tinha uma fita azul no cabo e alguém havia escrito o nome do homem no objeto. O jovem deu a dica: a mulher estaria nos fundos da casa. Dentro do imóvel, os PMs a encontraram em uma cozinha nos fundos e passaram a lhe fazer perguntas.

A mulher confirmou aos PMs que havia preparado uma faca para matar o padrasto. Para isso, ela colocou uma fita azul no cabo da faca e outra fita idêntica, da mesma cor, em seu pulso. Para finalizar, escreveu o nome do padrasto também no cabo. Ela alegou que tinha desavença e que ele a teria provocado a semana toda.

O padrasto não mora na mesma casa. Na manhã de domingo, ele chegou ao local e a moça o atingiu no tórax com a faca. Mesmo ferido, ele apanhou uma barra de ferro e atingiu o supercílio esquerdo da enteada. A equipe do Serviço de Atendimento Móvel Urgente (SAMU) foi chamada e levou o padrasto até a Santa Casa, além de fazer curativos na mulher.

A jovem fez exames e foi apresentada ao plantão de polícia. Diante do delegado Claudio Navarro, ela exerceu o direito constitucional ao silêncio e não respondeu às perguntas. A faca foi apreendida e encaminhada ao Instituto de Criminalística (IC) de Limeira. O delegado determinou a prisão em flagrante por tentativa de homicídio simples.

No dia seguinte, a promotora Débora Bertolini Ferreira Simonetti pediu a conversão da prisão para preventiva (por tempo indeterminado). Contribuiu, para isso, além da gravidade das circunstâncias e a necessidade da garantia da ordem pública e aplicação da lei penal, o fato de a mulher estar cumprindo regime aberto por outro crime, havendo, portanto, desrespeito às leis de execução penal.

A Defensoria Pública pediu liberdade provisória à moça por entender que a dinâmica do caso não ficou devidamente esclarecido e muito menos a motivação. “A despeito da desproporção de forças, inerente a qualquer contenda entre homem e mulher, como dito, a custodiada detinha clara vantagem que lhe viabilizava, se assim quisesse, prosseguir nos atos executivos, caso seu propósito fosse realmente ceifar a vida do ofendido, o que não parece ter acontecido no caso em tela. Por mais que ele tenha conseguido agredi-la em defesa, ao que consta, ela podia ter prosseguido nos atos de execução se assim desejasse. Afora isso, claro, há a estranheza de ela ter se comportado dessa forma agressiva, o que ao menos sugere que o ofendido tenha a agredido, abusado ou constrangido de alguma forma em ocasiões anteriores. Afinal, a autuada não iria gratuitamente investir contra ele, mormente por ser primária”, apontou.

O juiz Wander Benassi Júnior entendeu que a custódia é necessária. “Questões relacionadas a eventual legítima defesa, ou injusta provocação da vítima, não vieram patentes desde logo, e portanto não neutralizam a decretação da prisão preventiva”, escreveu. A mulher foi encaminhada à penitenciária feminina de Mogi Guaçu.

Foto: Pixabay

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