Polícia investiga violência política contra vereadoras de Limeira a pedido do Senado

A Polícia Civil de Limeira investiga possível crime de violência política contra vereadoras da cidade em duas sessões da Câmara ocorridas em dezembro, que tiveram intensas discussões, e com plateia lotada, devido à eleição da nova mesa diretora. O inquérito foi instaurado a pedido do Ministério Público (MP), por meio do promotor eleitoral Rodrigo Fiúsa. O expediente teve origem no Senado Federal.

A providência começou com requerimento da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo à Câmara de Limeira logo após as ocorrências. O documento também foi enviado a diversos órgãos com repercussão no Senado, onde a senadora Leila Barros exigiu apurações. O DJ mostrou recentemente que o Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional da República da 3ª Região, recebeu representação e o caso foi encaminhado para apurações do MP em Limeira.

Entre as diligências, a Polícia Civil está ouvindo as vereadoras e, no último dia 11, solicitou à presidência da Câmara de Limeira as imagens das sessões dos dias 8 e 12 de dezembro.

As vereadoras Isabelly Carvalho (PT) e Tatiane Lopes (Podemos) já foram ouvidas. Isabelly declarou, entre outros, que em função de ser trans sofreu preconceito tanto de adversários políticos e de eleitores ligados a alguns vereadores, mas com o passar do tempo demonstrou sua capacidade e postura, e esses preconceitos foram diminuindo até que aconteceu a eleição da Câmara. Também pelo do fato de ser do PT e defender a bandeira do então candidato Lula, passou a ser alvo de novos ataques.

Na sessão do dia 8, ela contou que sofreu insultos e ameaças, além de vaias e xingamentos, que persistiram até a vereadora Tatiane solicitar ao presidente da sessão que tomasse uma postura pelo que estava ocorrendo e para que fosse mantida a ordem. Ela conta que isto não aconteceu e novas humilhações aconteceram com o coro de parte do público.

Isabelly contou ao delegado que o mesmo cenário de constragimento e ameaça aconteceu em mais duas sessões ao ponto de ela e a vereadora Tatiane deixarem a sessão momentos antes da votação de alguns projetos. Para ela, a presidência do Legislativo na ocasião deixou de cumprir seus deveres e até mudou a forma de realizar a chamada, pedindo que os vereadores se levantassem para responder e, neste momento, quando ela se levantou, conta que houve vaia ensurdecedora, ameaças e xingamentos.

Tatiane disse em seu depoimento que ficou óbvia a intenção de muitas pessoas que estavam insatisfeitas com o resultado das eleições presenciais e tentavam dificultar os trabalhos, demosntravam contrariedade com chapa composta por elas e principalmente em relação à colega parlamentar Isabelly. Para ela, houve omissão da presidência da Câmara naquelas sessões para diversas providências e pedidos para reforço de segurança eram ignorados.

Ela citou agressões de efeito psicológico e reforçou a articulação para que aquelas pessoas participassem. Lembrou das vaias e achincalhadas e da tentativa da vereadora Mariana Calsa de explicar ao público em geral sua visão, mas relata que a colega quase foi agredida e que outro vereador estava filmando, mas não tomou atitude.

Tatiane sentiu medo pela família e pela própria integridade física, pois ouviu que os gabinetes seriam invadidos. Mariana Calsa e outras pessoas ainda deverão ser ouvidas.

Foto: Diário de Justiça

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