Padre Julio Lancellotti denuncia aporofobia em área pública de Limeira

Há alguns dias, o padre Julio Lancellotti, conhecido pela defesa das causas dos pobres e moradores de rua, atuante na Arquidiocese de São Paulo, tem feito publicações em sua conta no Instagram, com mais de 870 mil seguidores, sobre aporofobia em diversas cidades. Nesta terça-feira (7), o religioso publicou uma imagem de Limeira.

A foto é do espaço que fica sob a passarela que liga o Centro à Vila Camargo, nas proximidades da antiga União. No local, foram colocados tijolos de concreto para impedir que pessoas em situação de rua se instalem. A região tem grande circulação de pessoas em vulnerabilidade social.

O termo aporofobia significa repúdio, aversão ou desprezo pelos pobres ou desfavorecidos; hostilidade para com pessoas em situação de pobreza ou miséria.

Nesta quarta (8), o padre falou com a reportagem do DJ e disse que a aporofobia sempre existiu, sempre esteve presente no comportamento humano. “Agora, há um conceito, assim como existiu a homofobia, a xenofobia. Todas essas fobias sempre existiram. Agora, estamos tendo clareza e tendo conceitos que revelam esses sentimentos tão presentes na vida humana”.

O padre acredita que o chamado poder público poderia agir, por meio do Legislativo, apoiando leis que proíbam intervenções hostis e trabalhando principalmente para a proteção e social e para que todas as pessoas tenham acesso à moradia, como através da locação social, de repúblicas autônomas, de acolhimento de grupos familiares e de acolhimentos não em grandes albergues, mas o mais personlizado possível.

“Que todos nós localizemos esse sentimento em nós, na nossa maneira de pensar, na nossa linguagem e, principalmente na nossa maneira de agir. Acredito que todos nós temos de combater para sair da hostilidade para a hospitalidade. Acolher, não rejeitar”.

No início deste ano, o DJ conversou com o padre e o vereador Betinho Neves (PV), que em Limeira é conhecido pela causa dos moradores de rua (veja aqui). Após a publicação sobre aporofobia em Limeira, o vereador disse que antes não era assim. “Colocaram essas pedras após os alguns moradores de rua começarem a dormir ali”.

Dificuldade de igrejas e comerciantes em Limeira

Betinho diz que o que se vê são comerciantes, muitas vezes desesperados, e até igrejas – uma católica e uma evangélica que ele teve contato -, que não sabem mais o que fazem por todos os dias terem que pegar fezes e limpar chão com urina. “Chega uma hora que essas pessoas se cansam também de ter que ficar limpando todo o dia. E o Município hoje dispõe de vários serviços para a população de rua. Se o poder público não tivesse fazendo a parte dele e promovendo essas construções, seria uma outra situação, mas há serviços para atendimento destas pessoas”. Para o parlamentar, é uma situação muito complicada.

Ele acredita que o serviço social em Limeira é ativo, que ainda há o que melhorar, mas existe e, diante deste tema, há os dois lados.

O DJ também questionou a Prefeitura de Limeira sobre a região, que tem os concretos instalados sob a passarela há muitos anos. A informação é de que as pedras foram colocadas entre 2012 e 2015, se tratando de uma questão antiga.

O Município relatou que conta com uma rede de atendimento a pessoas em situação de rua composta pelo Centro Pop, com média diária de 25 atendimentos, o usuário pode ter atendimento psicológico, encaminhado para outros serviços como atualização de documentos, entrevistas de emprego. Ainda há espaço para lavar roupa e tomar banho; Centro de Acolhida, com média de atendimento de 30 pessoas por noite, embora a capacidade seja de 50. Serviço para pessoa em situação de rua para pernoitar. Há disponibilidade de jantar e café da manhã; Casa de Convivência, com serviço de abrigamento para pessoas em situação de rua. Há capacidade de 28 leitos, mas a lotação máxima até o momento é de 21 pessoas; equipe de abordagem social, articulada entre a Assistência Social, Saúde com consultório de rua, e Defesa Civil. Em outubro, por exemplo, foram realizadas 338 abordagens, onde são oferecidas todos os serviços municipais; e a Rede Pop, articulada entre o município, igrejas, voluntários, comunidades terapêuticas e Legislativo, com o objetivo de articular as ações com todas os envolvidos.

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