Limeira gastou R$ 1 milhão em medicamentos do Kit Covid e diz que prescrição é conduta do médico

A Prefeitura de Limeira informou, em resposta a requerimento apresentado pela vereadora Isabelly Carvalho (PT), que gastou, só em 2021, um total de R$ 1.029.953,71 na aquisição de três medicamentos que formam o chamado “kit Covid” para tratamento precoce, criticado por autoridades sanitárias por não haver eficácia cientificamente comprovada.

Foram duas requisições de hidroxicloroquina, uma em janeiro no valor de R$ 353.911,50 para 199,9 mil comprimidos e a outra em maio, de R$ 315 mil para a compra de 300 mil comprimidos. Já a ivermectina foi apenas uma requisição, no valor de R$ 7 mil para a compra de 4,9 mil comprimidos.

Referente à compra de azitromicina, foram três requisições. Em janeiro, foram duas requisições, uma de R$ 50,9 mil para 30 mil comprimidos e a outra de R$ 63 mil para 100 mil comprimidos. A terceira ocorreu em maio, o maior lote: R$ 240 mil para a compra de 300 mil comprimidos.

No ofício, o secretário de Saúde, Vitor dos Santos, explica que Limeira não instituiu protocolo para tratamento do Covid e segue orientação do Conselho Federal de Medicina, “respeitando a autoridade médica”. Também relatou que não houve repasses específicos por parte do governo federal no ano de 2021. O presidente Jair Bolsonaro é um defensor do chamado tratamento precoce contra a Covid.

Em resposta a outro requerimento de Isabelly, o secretário afirmou que “não cabe à Secretaria Municipal de Saúde impor ou restringir qualquer tipo de conduta ou de tratamento, mas, ao contrário, dispor de todos os insumos possíveis aos profissionais, a fim de que eles posam fornecer à população, o melhor tratamento possível”.

Na conclusão, Vitor reforçou, uma vez mais, que não cabe à Prefeitura fazer campanha contra ou a favor qualquer tipo de medicamento ou tratamento médico. “De acordo com o Conselho Federal de Medicina, a definição do tratamento é prerrogativa do profissional médico, em entendimento com seu paciente”.

Levantamento de dados

A União Sindical dos Trabalhadores de Limeira, entidade que reúne 12 sindicatos de trabalhadores de Limeira e região, além da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (CNTA), protocolou ofício para a Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Limeira, sugerindo para que os vereadores realizem um levantamento sobre indicações e receituários de medicamentos do Kit Covid na cidade, em atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde ou em hospitais públicos e privados.

O questionamento vem a reboque do caso Prevent Senior que expôs, durante a CPI da Covid-19 no Senado Federal, a ineficácia e os perigos do chamado Kit Covid. “Nossa intenção não é colocar em dúvida dos procedimentos da Secretaria Municipal de Saúde ou dos hospitais, mas sim que a comissão de saúde da Câmara possa fazer um levantamento que apresente para a população a informação de que nada de errado ocorreu, mostrando que não foram receitados medicamentos sem comprovação científica aqui. É preciso deixar tudo claro, a população tem o direito de saber”, diz Artur Bueno Júnior, presidente de USTL.

O ofício cita que, embora o uso do Kit Covid seja estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro, não há orientação oficial do Ministério da Saúde para que ele seja recomendado nem como tratamento precoce nem como tratamento da Covid-19 de fato. O Ministério da Saúde emitiu diversas notas falando sobre a ineficácia dos medicamentos do Kit Covid em quaisquer casos.

Foto: Diego Vera

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