Igreja Católica beatifica juiz morto pela máfia italiana

Cerimônia solene neste domingo (9) na catedral de Agrigento, na Itália, beatificou um juiz, Rosario Livatino, morto aos 38 anos pela máfia italiana. Ele morreu perdoando seus assassinos, contou o cardeal Marcello Semeraro, prefeito das Causas dos Santos, na celebração.

O crime foi em 1990. O magistrado, que recusou escolta armada, foi morto a tiros a poucos quilômetros de sua casa perto de Agrigento, na Sicília, quando se preparava para emitir medidas de prisão domiciliar contra membros de grandes famílias da máfia siciliana, a Cosa Nostra.

Membros da máfia que se aproximaram de seu Ford Fiesta numa motocicleta e, após uma fuga desesperada, o assassinou no meio de uma encosta.

Quando a polícia chegou ao local, deparou-se com a cabeça explodida e encontrou a agenda dele com as iniciais “STD” na primeira página. Esta é a antiga invocação “Sub tutela Dei”, que significa: Sob a proteção de Deus, usada pelos magistrados na Idade Média antes de tomarem decisões oficiais.

O juiz ia à igreja todas as manhãs, antes de ir ao tribunal. Ele pedia perdão a Deus pelos riscos aos quais expunha a família. “Fazer justiça”, escreveu ele, “é como orar e dedicar a vida a Deus”. Ele havia deixado a noiva dois anos antes, com o consentimento dela, por ser um missionário da justiça, não queria arrastar uma esposa e uma família à sua jornada.

Em 1993, o papa João Paulo II visitou a família do jovem juiz e chamou-o de “mártir pela justiça e indiretamente pela fé. O papa Francisco repetiu as palavras durante a cerimônia de beatificação. “Em seu serviço à coletividade como juiz justo, que nunca se deixou corromper, esforçou-se para julgar não para condenar, mas para redimir”, disse o Pontífice, da janela do Palácio Apostólico. “Seu trabalho sempre o colocou sob a proteção de Deus, por esta razão ele se tornou testemunha do Evangelho até sua morte heroica. Que seu exemplo seja para todos, especialmente para os magistrados, um estímulo a serem defensores leais da legalidade e da liberdade. Um aplauso para o novo beato”, pediu o papa Francisco.

Camisa azul xadrez com sangue

A prata cinzelada do relicário, com a camisa azul xadrez manchada de sangue, foi exposta na celebração, sob as abóbadas barrocas douradas da catedral de Agrigento. Também se destacou uma pintura do magistrado vestindo a toga.

De acordo com o Vatica News, o dia do beato Rosario Livatino será comemorado a cada 29 de outubro.

Foto: Vatican News

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