Hollywood reforça a diversidade

Por João Geraldo Lopes Gonçalves

Na Cerimônia do Oscar deste ano, apesar de ir na contramão de outras premiações que adotaram o sistema remoto ou misto de apresentação – Hollywood será 100% presencial -, a Academia parece que começa a se desvincular de suas tendências conservadoras.

Mesmo optando em aglomerar em tempos de pandemia, o Oscar 2021 deste domingo, dia 25 de abril, apresenta variados temas entre seus indicados ao Oscar, em especial os relacionados a gênero, raça e posição Ideológica.

Para ficar em alguns exemplos, teremos entre os indicados 16 produções cuja direção é realizada por mulheres. Só na categoria melhor filme, temos quatro diretoras (Bela Vingança, Mank, Nomadland e Minari) e, na categoria melhor diretor(a), duas (Normadland e Bela Vingança).

Em edições anteriores, a presença de filmes com temática contra o racismo e por igualdade racial era escassa. O número de películas deste ano é significativo. Só para ficar em alguns: “Judas e o Messias Negro”, “Os 7 de Chicago”, “A Voz Suprema do Blues”, “Estados Unidos vs Billie Holiday” e “Dois Estranhos”.

Meu destaque entre as indicações fica para atriz, atriz coadjuvante e ator. Como melhor atriz, minha torcida será para Viola Davis em “A Voz Suprema do Blues”, onde ela interpreta uma cantora negra nos anos 30. Como melhor ator, não tenho dúvida: fico com Anthony Hopkins no personagem que sofre de Alzheimer em “Meu Pai”. E a maravilhosa atriz Maria Balakova em “Borat: Fita de Cinema Seguinte”.

Abaixo um resumo e minha opinião sobre os indicados a melhor filme:

“Meu Pai”: Traz o extraordinário Anthony Hoppinks como um portador de Alzheimer. Um filme didático e informativo. Um dos meus favoritos. Disponível na Amazon Prime.

“Judas e o Messias Negro”: Conta a história do líder do grupo revolucionário Panteras Negras, Fred Hampton. Uma visão que descriminaliza movimentos de defesa dos direitos civis e mostra o racismo americano. Disponível na Amazon Prime.

“Mank”: Mostra como Hollywood consegue enxergar pouco obras-primas. Conta a luta do roteirista do clássico Cidadão Kane. Aponto como um dos favoritos. Disponível na Netflix.

“Minari (Em busca da Felicidade)”: Este é um dos filmes que ainda não vi, pois não foi lançado no Brasil. Conta a história de um adolescente de uma família norte-coreana nos anos 80 vivendo nos Estados Unidos.

“Nomadland”: Outro ainda não lançado no país, mas que é tido como o grande favorito pela crítica. Frances McDormand protagoniza este “on the road” após o colapso econômico de uma cidade em Nevada. Sem destino, a mulher rompe com o convencional da sociedade.

“Bela Vingança”: Mais uma produção que não chegou por aqui. O roteiro trata de uma mulher com traumas do passado, que frequenta bares e, ao se deparar com homens que tentam se aproveitar dela, se vinga de forma inesperada.

“O Som do Silêncio”: Mais um filme de saúde pública e filmado de forma didática. É a história de um baterista de heavy metal que fica surdo. A produção trabalha a língua de sinais e as dificuldades de um surdo na sociedade. Muito bom. Coloco-o como um de meus favoritos. Disponível na Amazon Prime.

“Os 7 de Chicago”: Filmaço. Mostra um protesto contra a Guerra do Vietnã em 1968, que se transforma na maior farsa policial/judicial da história americana. Um de meus favoritos. Disponível na Netfix.

João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor, consultor político e cultural.

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