Geografia básica para locais que estão sempre presentes na cabeça

por Fernando Bryan Frizzarin

Não é por chatice, mas sim por atenção às mudanças do mundo. Felizmente, o mundo muda e todos nele também mudam. O modo de se vestir muda, o modo de falar e escrever também, entre muitas outras coisas.

Eu não uso “norte-americanos” para me referir às pessoas que vivem nos Estados Unidos da América. “Norte-americanos” incluiria mexicanos e canadenses. Prefiro usar “estadunidenses”, que é o correto, desde sempre. “Norte-americano” é um anglicismo.

Anglicismo, conforme definido pelo ChatGPT, é uma palavra, expressão ou construção linguística que tem origem ou é influenciada pela língua inglesa.

Também não prefiro dizer “africanos” para me referir a quem vive, por exemplo, no Senegal. Apesar de o Senegal estar na África, sempre é melhor usar “senegaleses”. Por ignorância ou devido a falhas nas aulas de geografia (atenção, professores), algumas pessoas pensam que a África é um país enorme, e suas divisões são tão complexas e diversas que não valem a pena ser consideradas, então, naquele pedaço do mundo, todos são africanos. Exceto os egípcios, que, por incrível que pareça, e graças à grande exposição que têm nas histórias curiosas e interessantes do Egito, todos sabem que as pessoas que vivem lá são egípcias, que também são africanas, veja só.

Tento, sempre que possível, me situar corretamente quando estou falando, escrevendo ou fazendo qualquer outra forma de comunicação sobre as regiões do Brasil, em especial. “Nordestino” não se refere a todas as pessoas que vivem de Brasília para cima. E “gaúcho” não se refere a todas as pessoas que vivem de São Paulo para baixo. Podem fazer piadas, mas eu corrijo quando acho pertinente, e às vezes percebo que as pessoas ficam confusas com essa informação, como se dissessem: “Sério mesmo?”.

Pois saiba que o Nordeste possui 9 estados diferentes. Lá tem maranhenses, piauienses, cearenses, potiguares, paraibanos, pernambucanos, alagoanos, sergipanos e baianos. Na região Norte, o Brasil tem 7 estados; na região Centro-Oeste, tem 3, além do Distrito Federal (Brasília); na região Sudeste, tem 4; e na região Sul, tem 3 também. É um país grande!

De vez em quando, meus filhos, para me testar, perguntam se sei quais países fazem fronteira com o Brasil. De imediato, começo pelos que não fazem, para fazer uma eliminação: Chile e Equador não.

Para os que fazem, normalmente as pessoas sairiam listando “Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa”. Mas essa lista está errada! Está errada porque a pergunta é sobre os países que fazem fronteira com o Brasil, então a resposta deve ser:

Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e França.

França?! Todos ficam surpresos. Sim, França. A Guiana Francesa é um território ultramarino francês, como se fosse um estado, portanto, o país ao qual ela pertence é a França. Mas no atlas não está escrito França! Ah, depois discutimos isso.

E é importante saber mais: você sabe com qual país a França tem a fronteira mais extensa? Com a Alemanha, tem 451 quilômetros, e com a Espanha, só para citar esses dois exemplos que, visualmente, no mapa-múndi, parecem grandes, é de 646 quilômetros. Já com o Brasil… são 730,4 quilômetros exatos. A mais extensa. Tudo isso na floresta Amazônica e com o estado brasileiro do Amapá.

Estive no Amapá e descobri que, em vez de aprender inglês e espanhol nas escolas, eles dão preferência ao inglês e ao francês. E quem vive na capital do estado, Macapá, é chamado de macapaense.

Por isso, os franceses estão certos em brigar com o Brasil pela preservação da floresta Amazônica. Claro, há interesses econômicos e políticos, mas se conseguirem parar de desmatar a floresta à toa, será uma grande conquista. Eles têm responsabilidade sobre uma parte de tudo isso que está lá. O resto do mundo também, mas por questões territoriais, a posse está dividida entre alguns países, juntamente com o Brasil e os franceses.

Além disso, é um país pertencente à União Europeia que é nosso vizinho, e deveríamos ter uma posição favorável em relação a quaisquer acordos, mas não é tão simples assim. Mas é possível ir do Brasil para a União Europeia de carro, por uma estrada ruim que só melhora depois que se atravessa a ponte binacional franco-brasileira, entre o Amapá e a Guiana Francesa. Ponte que foi anunciada em 1997, começou a ser construída em 2008, foi concluída em 2012 e inaugurada apenas em 2017. 20 anos até ficar pronta!

E sabe para o quê? Para não ter, até hoje, um posto fiscal de fronteira (como a Receita Federal e outros órgãos) no lado brasileiro (enquanto há no lado francês), o que impede a importação ou exportação de qualquer carga para lá. Só carros de passeio ou pessoas a pé.

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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