E começa 2022, o último da triste era de Bolsonaro no poder

Por João Geraldo Lopes Gonçalves

Este é meu primeiro texto no vigésimo segundo ano do milênio. Janeiro tem sido um mês bem pesado para os brasileiros. Depois das festas de fim de ano e alguns meses com uma trégua na pandemia, a Ômicron, a mais nova pérola da morte, invade o Planeta Fome, como dizia Elza Soares.

Elza, por sinal, se despediu neste janeiro quente com esparsas chuvas. A voz do milênio partiu para o outro plano no mesmo dia em que o grande amor de sua vida, o craque Garrincha, também foi há 39 anos.

Partiu a mulher empoderada, negra, que viu a fome de perto, que chorou a morte de filho, de Mané e da violência física e mental que sofreu, um dia depois de outra ícone. Elis Regina nos deixou há 40 anos no dia 19 do primeiro mês do ano.

E falando em morte, se lembrar Elza, Elis e Mané nos dá esperança de um mundo melhor, já que seus exemplos de vida nos enche o coração e a mente, morreu o ideólogo do negativismo e – por que não – do discurso do ódio, o pseudofilósofo Olavo de Carvalho, inspiração “teórica” para Bolsonaro e seu clã.

A morte continua pedindo carona, com o coronavírus e sua variante já citada, considerada por alguns o último estágio da pandemia, para outros apenas mais uma etapa. O aumento da contaminação tem sido alarmante e as mortes voltam ao cenário dos noticiários.

É importante frisar que os óbitos têm sido em sua maioria entre os não vacinados, como Olavo, que faleceu acometido de Covid e não era imunizado. Aliás, outro fato que chocou o mundo, diz respeito a negação em se vacinar e envolveu um astro do tênis de quadra mundial.

Novak Djokovic, número 1 do esporte, tentou disputar o primeiro Grande Slam do ano, o Aberto da Austrália, driblando o governo daquele país. A treta formada pelo atleta, que é maravilhoso nas quadras, é digna de um papelão dos maiores do século, que envolve declarações não confirmadas e queda de braço na justiça, levando o caso na Suprema Corte daquele país.

Prevaleceu, é claro, o bom senso e a defesa da vida. Djokovic foi proibido de entrar na Austrália e, com isto, disputar o torneio.

E falando em atleta e em crime, outro fato que chamou a atenção do universo foi a condenação pela Justiça Italiana a 9 anos de cadeia para o jogador brasileiro Robinho. Para quem não sabe, ele e mais três amigos estupraram uma mulher albanesa em 2013, época em que o jogador atuava no Milan, da Itália.

Condenado nas três instancias judiciais, o ex-jogador do Santos teria que cumprir pena na Itália. Ocorre que ele está no Brasil e não há entre os dois países acordo de extradição.

Assim o impasse se forma. A Justiça e o governo italiano podem pedir que Robinho seja preso e cumpra a sentença em prisões brasileiras. Mas isto depende do Governo do Brasil. Neste momento, com um miliciano misógino e machista no poder, as possibilidades são pequenas, né?

Mas falando de coisas positivas, tem sido lindo ver todo dia nas redes sociais, fotos, vídeos de crianças se vacinando contra o Covid-19. Como diz um amigo meu, é fofo, é carinhoso e, sobretudo, é amor à vida. Mesmo com Queiroga e Bolsonaro tentando sabotar mais uma etapa da vacinação, a sociedade brasileira não dá bola para os que atrapalham, corre aos postos levar seus meninos e meninas e, no final, dão glorias ao SUS e a ciência.

Janeiro foi um mês bem difícil para este escrevinhador. Acometido de uma pneumonia com anemia, antes do diagnóstico, piramos diante da possibilidade de estar com Covid ou mesmo a Influenza. Mas graças aos Deuses, mesmo sofrendo, os vírus da morte não se achegaram em nosso corpo.

Esta situação nos colocou em “stand-by”, caminhando entre a cama e o sofá, tomando remédios e fazendo inalação.

Neste meio tempo, a TV, filmes, séries e futebol foram a diversão para esquecer as dores que estava sentido e, em uma dessa, o Palmeiras agora tem Copinha.

No último dia 25, acabou a gozação de adversários, pelo menos em relação à Copa São Paulo de Futebol Júnior. E logo vem o Mundial em fevereiro e outra zoação acabará, certo?

Mas o janeiro das chuvas que castigam estados como a Bahia, Minas Gerais e outros, fruto de décadas de descaso das autoridades com infraestrutura de saneamento básico e segurança, também deu a largada para a corrida presidencial.

Após férias em meio ao caos das chuvas, com direito a jet ski e cenas de milicianos, Bolsonaro tenta tudo para sua reeleição e, com isto, se entrega ainda mais ao Centrão e a radicalidade fascista.

Já o ex-presidente Lula lidera com folga e com expectativa de vencer em primeiro turno, como atestam todas as pesquisas de intenção de voto. Passa por uma pressão interna, a de cravar Geraldo Alckmin como seu vice, mesmo com oposição grande, inclusive de alguns aliados.

Já o ex-juiz suspeito Sergio Moro ainda é uma incógnita. Parado em menos de 10%, já se fala em desistir da corrida e disputar o Senado. Enquanto isto, a chamada centro esquerda, com Ciro, também patina, mas tenta resistir mais, com um viés meio franco atirador.

Já a centro direita…. Bom, não decola e não deve decolar.

Do resto, o primeiro mês do ano ainda nos faz ficar sem perspectiva em relação ao fim da pandemia, mas nos enche de esperança de que, em outubro, a triste era bolsonarista chegue ao fim.

Feliz 2022 a todas e todos.

João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor e consultor político e cultural

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