“A vacina nos salvou e, sem ela, estaríamos de novo naquela guerra”, diz 1ª vacinada em Limeira

A técnica de enfermagem Edina Vieira da Silva, 39 anos, foi a primeira pessoa vacinada contra a Covid-19 em Limeira em 21 de janeiro de 2021. Um ano depois, já com o esquema vacinal completo com a dose adicional, Edina não tem a menor dúvida sobre o impacto direto dos imunizantes na proteção da vida dos limeirenses.

Ao DJ, ela fez desabafos, como tantos profissionais de saúde que seguem na linha de frente da pandemia e, atualmente, enfrentam uma nova onda de casos gripais e de Covid.

O convite para ser a primeira limeirense imunizada
“Estava trabalhando na linha de frente da Covid no PA da Unidade de Referência Coronavírus (URC). Foi uma grande surpresa quando recebi uma ligação de manhã, da Maria Fernanda, da Secretaria da Saúde. Não sabia quem ela era e nem tinha o contato. Ela me informou que eu seria a primeira vacinada da cidade. Disse que seria um presente pelo meu atendimento, pelo brilho nos olhos e minha dedicação. Ela disse que já estava acompanhando há algum tempo e que, mesmo por trás de uma máscara, não deixei de transparecer meu amor em ajudar e acolher os demais.
E com isso eu me senti muito grata, confiante, aliviada porque eu já estava me dedicando ao máximo, mas com a primeira dose eu estaria com meu escudo e pronta para continuar essa batalha de frente, acolhendo todos que necessitavam de ajuda e cuidado, e muito mais tranquila em relação a minha família”.

O medo de estar na linha de frente do enfrentamento à pandemia
“Quando me convocaram para iniciar na linha de frente, o primeiro sentimento que eu tive foi muito medo, angústia e preocupação com os meus familiares. Mesmo com o medo, eu tinha que cumprir minha missão e ali se iniciou uma guerra; um vírus novo que ninguém conhecia, não sabiam ainda como seria a evolução disso tudo, mas me dedicando ao máximo. Foram noites assustadoras, pessoas em prantos, precisando de acolhimento, a população não acreditando na gravidade da pandemia e a contaminação devastando famílias. Confesso que houve momentos que pensei em desistir, mas sei que Deus me colocou naquele lugar porque eu era capaz, como muitos colegas de trabalho, estávamos ali para vencer a cada dia. Quando foi comunicado que a vacina tinha sido aprovada pela Anvisa, foi um alívio para todos os profissionais da saúde, depois de perdermos tantas vidas, sabia que agora ia acalmar os casos”.

Um bilhete de uma paciente na UTI
“A pandemia em si já era meu maior desafio, saber que todos os dias eu estaria de frente com um vírus letal, que poderia tirar minha vida por estar cuidando do próximo. Além de correr o risco de levar o vírus para meus familiares, podendo colocar os meus nos cenários que eu estava vendo na URC! Vivemos um verdadeiro caos.
Sabendo das mortalidades, entrar em um quarto com paciente positivo, ter que me doar, trocar o paciente, dar banho de leito, pronar paciente e passar 3 horas dentro de um leito contaminado… Nessas horas, pensamos apenas neles e sempre paramentada, pedindo proteção a Deus!
Um fato que me marcou profundamente foi quando cuidei de uma paciente positiva na UTI e essa paciente estava com traqueostomia. Então, não falava, e em um dos plantões que cuidei dela, bem no final, ela me escreveu um bilhete onde ela me agradecia pelos cuidados com ela, a noite toda, me agradeceu pela atenção com ela, disse que todos da enfermagem deveriam ser como eu e que levaria aquela noite por toda vida dela! Os olhares de gratidão de cada paciente, quando me perguntavam se eu voltaria amanhã para cuidar deles novamente, isso não tem preço!”.

Vacina salva vidas, sim
“A vacina salva vidas, isso é indiscutível! Existem números que comprovam, hoje estamos vivendo outro surto da Covid-19, muitas pessoas positivadas, mas a mortalidade continua caindo… A vacina nos salvou e sem ela, estaríamos de novo naquela guerra!
Hoje eu atuo na UPA do Abilio Pedro, depois do fechamento do URC, retornei para o meu antigo posto e também atuo como vacinadora no Posto Morro Azul pela Prefeitura”.

Gratidão e alerta
“Eu peço que Deus conforte o coração de cada família que perdeu alguém nessa pandemia, que a população vacine, procurem os postos de vacinação, se informem no site da Prefeitura sobre qual posto é o mais próximo de você porque vacina salva vidas.
É preciso controlar as aglomerações nesse momento e quero agradecer a dedicação da Maria Fernanda, Fernanda Cantão e Samanta Kelly Braga por todo empenho e atenção que tiveram nessa pandemia e pela administração que foi feita na URC em meio a um momento tão delicado que vivemos. Grata também por cada colega de trabalho que esteve comigo nessa luta!
Uma frase que gosto muito e fala sobre nosso trabalho:
Eu sou parte de uma equipe. Então, quando venço, não sou eu apenas quem vence. De certa forma termino o trabalho de um grupo enorme de pessoas!”.

Edina recebendo a primeira dose em 21 de janeiro de 2021

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