Conhecimento e desafio: motores da inovação

Por Fernando Bryan Frizzarin

O Sputnik foi o primeiro satélite artificial da Terra, lançado em órbita pela então União Soviética em 4 de outubro de 1957. Este evento marcou o início da era espacial e representou um marco significativo na história da exploração espacial.

Mesmo que muitas pessoas associem esse marco principalmente ao envio de humanos ao espaço, à Lua e a outras missões espaciais tripuladas, ele verdadeiramente inaugura a era do envio de máquinas para diversas órbitas da Terra.

Na época, o sinal do primeiro satélite artificial da Terra era detectável por qualquer pessoa equipada para tal. O Sputnik transmitia sinais de rádio em duas frequências principais: 20,005 MHz (MHz) e 40,002 MHz (VHF), na forma de simples pulsos de rádio, ou bipes, que podiam ser captados por receptores de rádio simples. O objetivo desses sinais era permitir que cientistas rastreassem o satélite enquanto ele orbitava a Terra. A detecção bem-sucedida desses sinais em todo o mundo foi uma das primeiras confirmações da presença do Sputnik em órbita.

Muitos cientistas, incluindo vários do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, captaram esses sinais. Alguns passavam dias inteiros sintonizando os bipes do Sputnik no rádio, simplesmente fascinados. No entanto, à medida que o tempo passava sentiram-se desafiados a saber quando o satélite passaria sobre suas cabeças novamente e começaram a calcular a posição do satélite na órbita terrestre usando o efeito Doppler, que ocorre quando a fonte do sinal se move em relação ao receptor.

O efeito Doppler, descoberto pelo físico austríaco Christian Doppler em 1842, descreve a mudança na frequência percebida de uma onda sonora ou de rádio quando a fonte do som (ou sinal) e o observador estão em movimento relativo entre si. Quando o Sputnik se aproximava de um observador na Terra, as ondas de rádio emitidas pelo satélite eram comprimidas, resultando em uma frequência mais alta. À medida que o Sputnik se afastava, as ondas se esticavam, resultando em uma frequência mais baixa. Cientistas do MIT e de outras instituições usaram essas mudanças de frequência para calcular a posição do Sputnik em sua órbita terrestre.

Em determinado momento, eles foram capazes de calcular com precisão a órbita do Sputnik, incluindo sua velocidade e trajetória.

Se esses cientistas, primeiramente alunos, não tivessem compreendido a importância de estudar os efeitos observados por outro cientista, Christian Doppler, que notou a mudança na frequência do som das locomotivas dos trens à medida que se aproximavam e se afastavam, eles jamais teriam sido capazes de calcular a órbita do Sputnik.

Mas o encontro do conhecimento com o desafio não parou por aí. Um deles questionou se, dado que podiam calcular a posição de um objeto em movimento no espaço a partir de um ponto fixo na Terra, poderiam também calcular a posição de um ponto em movimento na Terra a partir de um objeto no espaço.

Após muitas tentativas e erros, conseguiram. Foi possível determinar a localização do rádio receptor a partir do cálculo da órbita do Sputnik e do efeito Doppler em seu sinal.

Com navios e submarinos espalhados pelo globo, não demorou para que a Marinha dos Estados Unidos se interessasse e quisesse lançar seus próprios satélites.

Assim nasceu o GPS, em 17 de dezembro de 1973, quando o primeiro satélite do sistema foi lançado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) a bordo de um foguete Delta, desenvolvido pela Boeing.

Muitas das patentes registradas nos Estados Unidos só foram possíveis graças ao lançamento do primeiro satélite pela então União Soviética, rival dos EUA. Isso deu origem a muitos negócios e movimenta muito dinheiro até hoje.

Hoje, em seu smartphone ou no sistema de navegação de seu carro, você só pode chegar a lugares desconhecidos graças à união da curiosidade e do desafio de pessoas que prestaram atenção nas aulas, mesmo sem terem certeza de como ou por que poderiam usar esse conhecimento no futuro.

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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