por Anna Walerio
Para todas essas questões, o ser humano explica…
Desde novembro, quando lançado, o ChatGPT vem causando um grande alvoroço na internet, se tornando uma sensação midiática e cultural de 2023 – pelo menos até surgir outra Inteligência artificial.
O Chat GPT – sigla para “generative pre-trained transformer – é uma plataforma baseada em inteligência artificial, desenvolvida pela Startup californiana OpenAI, que basicamente se alimenta de informações obtidas na internet para criar textos, códigos de programação e até mesmo fazer provas.
Ontem (14), a Startup lançou o ChatGPT-4, um sistema mais avançado que produz respostas mais seguras e úteis. Segundo seus criadores, o ChatGPT-4 tem 82% menos probabilidade de responder a solicitação de conteúdo proibido e 40% mais chances de produzir respostas factuais do que as outras versões.
Ironicamente ou não, conforme consta no seu site, a missão da empresa é “garantir que a inteligência artificial geral – sistemas de IA geralmente mais inteligentes que os humanos – beneficie a humanidade”. Em contrapartida, Greg Brockman, co-criador do algoritmo afirmou que os robôs não serão capazes de superar pessoas.
Mas será mesmo que a inteligência artificial superará a inteligência humana?
Daniel Marques, advogado, Filósofo e Presidente da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) conduziu um experimento para testar se o ChatGPT passaria na prova da OAB e o impacto que o ChatGPT e outras inteligências artificias terão no mundo jurídico.
No experimento, Marques enviou perguntas de múltiplas escolhas para o Chat e deu o comando para o chatbot escolher uma das alternativas e justificar, de maneira breve, a sua opção. No dia 3 de janeiro de 2023 o ChatGPT foi “reprovado” no exame da OAB, acertando 36 das 80 questões enviadas por Marques.
Após as melhorias implementadas pela criadora da plataforma, Marques repetiu o teste em 17 fevereiro e o sistema marcou 48 pontos dos 80, sendo então “aprovado”.
Em fevereiro, o juiz colombiano Juan Manuel Padilla usou o ChatGPT para redigir a sentença sobre direito à saúde de uma criança autista. Segundo o Magistrado, o ChatGPT faz o papel de um secretário de firma organizada, simples e estruturada.
Mas agora o questionamento é: o advogado poderá ser substituído por uma inteligência artificial?
Vale ressaltar que o ChatGPT não produz conteúdo e sim compila as informações encontradas na internet, provenientes de um raciocínio e uma produção humana, ou seja, a priori a inteligência humana não poderá ser substituída.
A palavra “pensar” deriva de o latim sopesar e significa avaliar, refletir. A metodologia filosófica lembra-nos que não devemos conhecer por conhecer, mas conhecer para pensar. A inteligência artificial – ainda – não possui criatividade, consciência, emoção ou senso crítico capaz de substituir os seres pensantes.
Para Marques, a inteligência artificial não substituirá os advogados, eles serão substituídos pelos advogados que usam a inteligência artificial. No mesmo sentido a opinião do juiz colombiano, que defende que os juízes não são burros e que ao fazerem perguntas ao aplicativo, não deixam de ser juízes, de ser seres pensantes.
Assim como a publicação da Barsa e a criação do google – grandes marcos da revolução do acesso ao informação – a inteligência artificial surgiu para agregar e desafiar ainda mais os profissionais, sem tomar o seu lugar, sendo considerada, portanto, uma ferramenta de auxílio e não um concorrente.
Anna Walerio é advogada e participante do Grupo de Estudo de Direito do Entretenimento, Mídia e Cultura do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) da Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar
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