Uber é processada em Limeira por passageira abandonada após entrevista de Bolsonaro na rádio

Uma moradora de Limeira processa a empresa Uber após, segundo ela, ter sido deixada junto com seus dois filhos – um deles com transtorno do espectro autista (TEA) – no meio do percurso pelo motorista. A passageira descreveu que o condutor não gostou do pedido dela para mudar a estação de rádio, onde o presidente e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro falava de forma agressiva.

Na ação, ajuizada pelas advogadas Ângela Souza e Talyta Wollinger, do escritório Souza e Wollinger, consta que a corrida foi solicitada pela passageira no mês de agosto, como o objetivo de se deslocar entre dois bairros em lados opostos da cidade. No automóvel, embarcaram a mãe e os dois filhos, ambos com menos de 8 anos de idade.

O motorista estava com o rádio ligado na Jovem Pan e a música foi interrompida para a transmissão de uma entrevista com Bolsonaro. Conforme a passageira, o presidente falava de forma agressiva e ela, desconfortável com a situação, pediu para que o condutor mudasse a estação.

O pedido, porém, não teria agradado o motorista, que parou o carro e mandou a mulher desembarcar com as duas crianças, em ponto ainda distante do destino. O menino com TEA teve uma crise sensorial e foi necessário que a mulher ligasse para seu marido, que estava em horário de trabalho, para ir buscá-la e completar o percurso. Em contato com a empresa de aplicativo, a passageira conseguiu o reembolso do valor da corrida.

AÇÃO
Na ação, as advogadas pedem reparação por danos morais contra a Uber porque, conforme elas, houve uma relação de consumo e o Código de Defesa do Consumidor imputa responsabilidade à empresa por danos causados por seus prepostos ou representantes autônomos. Elas atribuem falha na prestação do serviço. “Por se tratar de contrato de transporte, a ré assume a obrigação de levar o passageiro ao seu destino. A sua responsabilidade é objetiva e não pode ser afastada em razão da alegação da conduta de terceiro, a fim de se eximir de suas responsabilidades”, consta na inicial.

Para as advogadas, ao solicitar a viagem, a passageira confiou de que chegaria ao seu destino em companhia de seus filhos com segurança, “entretanto, foi deixada totalmente a mercê”, consta no pedido de reparação.

A ação tramita na 2ª Vara Cível de Limeira e a Uber será citada para apresentar sua defesa.

Foto: Reprodução

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