ROUND 6 e outros sucessos da Coreia do Sul

por Farid Zaine
@farid.cultura

A Coreia do Sul está agitando o cenário artístico mundial, com a popularidade de seus produtos: uma banda de música que faz estrondoso sucesso (BTS) , um filme celebrado como um dos melhores e mais premiados de todos os tempos (Parasita) e uma série que, muito pouco tempo depois de lançada, já se tornou a mais vista da história da Netflix (Round 6). Muito se tem falado sobre o sucesso planetário de produtos culturais vindos de um país asiático, cuja língua nos é estranha.

O assunto do momento no streaming é  “Round 6”, uma série sul-coreana que , em um mês de exibição, fez a proeza de ser mais vista do que a espanhola “La Casa de Papel”, um dos tesouros da Netflix. 

De que trata “Round 6”? Basicamente, de mostrar por um outro ângulo e em outro formato, o que “Parasita” fez no cinema, que é a desigualdade social na Coreia do Sul, a luta de classes, a busca da riqueza a qualquer preço. Claro, isso não é particularidade desse país, mas de todo o mundo, daí a grande identificação do público com essas obras. 

O que gera mais interesse no público? A identificação com personagens vivendo o drama cotidiano da sobrevivência ? A violência explícita? A curiosidade sobre uma cultura diferente?  Provavelmente tudo isso.

A música popular internacional foi surpreendida com a velocidade de expansão e aceitação do chamado K-Pop,o Korean Pop que tende a permanecer e gerar influência, pelo potencial de modismo duradouro. 

No cinema, “Parasita”, apesar de levar todos os prêmios possíveis, ganhou notoriedade principalmente por arrebatar o Oscar de Melhor Filme Internacional, e Melhor Filme, o principal prêmio, coisa jamais vista na história da Academia. O mais próximo disso foi o que aconteceu com “Roma”, do mexicano Alfonso Cuarón, prestes a se tornar o primeiro filme estrangeiro a levar o Oscar principal, que na “hora H” ficou com a estatueta de melhor filme Internacional, perdendo a de melhor filme para o inferior “Green Book”.  

“Parasita” projetou o nome do diretor Bong-Joon Ho, que iniciou a carreira dirigindo um elogiado filme de monstro, “O Hospedeiro”, e hoje é assediado por Hollywood; ele dirigiu o longa “Expresso do Amanhã” em 2013, que virou a série homônima.

“Round 6” tem esse nome no Brasil e no Canadá. Nos outros países a série permanece com seu título original, “Squid Game” ou “Jogo da Lula”, nome dado em função de um jogo infantil muito popular na Coreia do Sul. 

Os 9 episódios do super-sucesso atual da Netflix são realmente impactantes e capazes de gerar bastante incômodo. As histórias das personagens principais, cada uma revelando uma situação de desesperadora luta pela sobrevivência, às voltas com dívidas impossíveis de serem pagas, e que são colocadas dentro de um jogo perigoso e violento, mas com um prêmio final milionário , mostram o ser humano diante do dilema de enfrentar o medo, o terror e  a própria morte pela possibilidade de mudar de vida repentinamente, com a solução de seus problemas financeiros. 

“Round 6” tem também gerado uma preocupação aos pais de crianças e adolescentes: eles querem ver a série , por causa de sua enorme repercussão,  mas ela é absolutamente imprópria para menores.

Atualmente, não estar conectado com algum produto cultural vindo da Coreia do Sul, é não estar antenado com o que o mundo todo está consumindo.

ROUND 6 – Série em nove episódios – Coreia do Sul, 2021 – Disponível na Netflix
Cotação: ****MUITO BOM

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