Pesquisa em Limeira mostra que 83% sabem o que é fake news e, mesmo assim, 13% já as compartilharam

Dados de uma pesquisa encomendada pelo Observatório Social do Brasil – Limeira, feita pela Limite Consultoria e Pesquisa, mostram a relação dos limeirenses com a cidadania. Parte das primeiras estatísticas foi revelada nesta quarta-feira (25/08), no encerramento da 2ª edição do Agosto Transparente do OSB-Limeira.

O painel “Cidadania em tempos de fake news” reuniu nomes de peso da área de comunicação, que analisaram o atual momento em que as redes sociais são campo fértil para veiculação de notícias falsas.

Na abertura do painel, Valter Koppe, vice-presidente para Assuntos de Controle Social, exibiu dados que mostram que grande parte da população brasileira se informa por meio das redes sociais, em índices bastante próximos do estudo que o OSB-Limeira realizou em parceria com a Limite.

A pesquisa ouviu 490 moradores de Limeira em agosto e mostrou que, sobre assuntos de gestão pública, 42,4% dos entrevistados buscam informações na internet e 41,2% mais especificamente nas redes sociais. O levantamento detectou que 83% sabem o que é fake news e, mesmo assim, 13,8% admitem que já as compartilharam.

Diante disso, Marcela Rossetto, ex-coordenadora da Assessoria de Imprensa da Procuradoria-Geral do Trabalho, em Brasília, abordou vários projetos que tramitam no Legislativo brasileiro, criminalizando a propagação de fake news, e lamentou a morosidade com que vêm sendo analisados. “A lei brasileira já prevê punições em crimes contra a honra, e as fake news, muitas vezes, podem ser enquadradas neles. Mas o avanço tecnológico demanda que sejam tomadas medidas mais específicas em relação a essas notícias falsas”.

Ronald Freitas, jornalista que assessorou ministros de Estado e foi subsecretário de Comunicação do governo do Estado de Minas Gerais, lembrou que em países onde há investimento maciço em educação de qualidade, como nos escandinavos e Holanda, as populações sabem se blindar com mais eficiência contra as fake news. “As crianças estão sendo preparadas, na sala de aula, para lidar com a avalanche de informações que recebemos todos os dias. E não estamos falando de investir fortunas nisso, mas somente de termos professores bem treinados para ensinar a usar a tecnologia de forma positiva”.

Por sua vez, Jean Sandro Pedroso, presidente da Associação Empresarial de Rio do Sul e vice-presidente de Comunicação do Observatório Social do Brasil, citou que o OSB sempre checa as denúncias que recebe e dá aos envolvidos a oportunidade do contraditório. O cidadão consciente, para ele, deve tomar a mesma atitude quando se depara com uma notícia que pode ser falsa.

Foi unanimidade entre os painelistas a dificuldade que representa o fato de que as redes sociais usam algoritmos que colocam as pessoas preferencialmente em contato com os outros usuários que pensam de maneira semelhante à delas. Com isso, desperta-se a sensação de que as informações que chegam vêm sempre de fontes confiáveis. “Os ambientes das redes sociais se tornam propícios para que não se questione”, alertou Koppe. “Isso é muito perigoso à medida que milhares de pessoas recebem em segundos uma mensagem”.

O Agosto Transparente 2021 teve patrocínio de Atlas, ADT, AirZap, Casa das Mangueiras, Enxuto e Pizzaria Don Francesco e apoio de Focalize e Kanal.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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