O impacto devastador da desordem e do desleixo

por Fernando Bryan Frizzarin

Você já parou para pensar como pequenos sinais de desordem podem influenciar profundamente o comportamento das pessoas ao seu redor? Bem, é exatamente isso que a Teoria das Janelas Quebradas explora.

Essa teoria trás um conceito fascinante e perturbador de que ordem atrai ordem e, igualmente, desordem apenas aprofunda ainda mais a desordem no mundo.

Depois de conhecer bem o trabalho dos acadêmicos James Q. Wilson e George L. Kelling a Teoria das Janelas Quebradas até parece simples e óbvia, mas igualmente poderosa.

Imagine-se caminhando por uma rua movimentada. De repente, você percebe uma janela quebrada em um prédio abandonado. O que você acha que a maioria das pessoas faria? A teoria, cunhada na longínqua década de 1980, sugere que a desordem aparente, como uma simples janela quebrada, pode levar a comportamentos criminosos e anti-sociais. Essa ideia revolucionária veio à tona em um artigo intitulado “Broken Windows: The Police and Neighborhood Safety.”

m carro, inicialmente intacto e limpo, foi estacionado em uma rua erma por um período. Durante esse tempo, nada aconteceu ao veículo. No entanto, ao introduzir algum sinal de abandono ou vandalismo, a coisa toda começa a desandar rapidamente. O nível de depredação cresceu exponencialmente, criando uma sequência de eventos em que o veículo, antes imaculado, acabou completamente destruído, com partes roubadas e tornando-se totalmente inutilizado. Este experimento realça a poderosa influência que a desordem aparente pode ter, desencadeando uma rápida deterioração quando os sinais de descuido começam a surgir.

A teoria argumenta que sinais aparentemente insignificantes de desordem podem enviar uma mensagem poderosa. Se pequenos problemas não são resolvidos, a tendência é que as coisas piorem. Um exemplo simples seria o descuido com a pintura de um prédio, a degradação do asfalto em buracos, o mato alto nos canteiros, praças sem jardinagem, postes com a iluminação queimada, bancos e mesas danificadas, rabiscos em uma carteira escolar, portas de banheiros e paredes com pichação, os exemplos são quase infinitos. A aparência de abandono gera descaso e cria a “liberdade” de piorar ainda mais a situação.

Muita gente e muitas cidades já aplicaram a Teoria das Janelas Quebradas em diversas áreas, desde a segurança pública, gestão escolar até a administração de empresas. O exemplo mais conhecido e surpreendente foi a cidade Nova Iorque que nos anos 1990 enfrentava altas taxas de criminalidade e desordem em diversos níveis. No entanto, ao adotar estratégias baseadas na Teoria das Janelas Quebradas, como a aplicação rigorosa das leis de pequenos delitos e a melhoria da manutenção urbana, a cidade testemunhou uma notável queda nos índices de criminalidade, tornando-se uma das mais seguras do mundo.

Como toda teoria, a Teoria das Janelas Quebradas não é livre de críticas. Há quem diga que ela simplifica demais a relação entre desordem e crime, ignorando fatores socioeconômicos mais amplos. No entanto, a eficácia prática em lugares como Nova Iorque destaca que, mesmo que não seja uma solução única, a teoria oferece insights valiosos sobre como criar ambientes mais seguros.

A beleza disso tudo é que vai além das áreas urbanas. Pode ser aplicada em empresas, escolas e até mesmo em nossas vidas pessoais. Pense em uma mesa de trabalho desorganizada como a “janela quebrada” do seu escritório. Pequenas desordens podem se acumular, afetando a produtividade e o moral da equipe no geral. Então, olhe para os lados, veja os ambientes no qual vive e usa cotidianamente, na sua casa, trabalho, bairro, cidade e que tal começar a consertar essas “janelas quebradas”, caso seja necessário?

Procure pela Teoria das Janelas Quebradas e, se possível, leia o trabalho original e passe a refletir sobre como a desordem aparentemente trivial pode ter um impacto significativo. Seja nas ruas movimentadas ou na simplicidade de nossos espaços pessoais, a mensagem é clara: pequenas mudanças podem gerar grandes resultados. Às vezes, basta mudar pequenas coisas e hábitos.

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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