MP de Limeira vê ritual macabro e denuncia mais um pelo sacrifício e morte de Erick

O Ministério Público (MP) de Limeira apresentou à Justiça aditamento à denúncia e pediu a inclusão de mais um na condição de réu pelo homicídio do adolescente Erick Delatore de Araújo, de 16 anos, ocorrido em janeiro deste ano. A acusação elencou novos elementos e, pela primeira vez, apontou que o jovem foi assassinado em um ritual macabro como “sacrifício”.

Inicialmente, apenas S.S.C.J., de 20 anos, havia sido denunciado pelo homicídio de Erick, mas o caso teve reviravolta durante a primeira audiência de instrução do processo, após revelações. Assim, o MP incluiu T.O.R. como autor do homicídio junto com S.. O novo acusado foi preso temporariamente no dia seguinte à audiência, a pedido da promotora Débora Bertolini Ferreira Simonetti. A nova denúncia inclui, também, mais uma qualificadora contra S.: emprego de meio cruel.

A promotora refez a peça acusatória oferecida à Justiça. Erick, S. e mais um jovem eram frequentadores de um local de prática religiosa e rituais que tinha T. como o médium, dono da casa que oferecia consultas.

No início da noite de 21 de janeiro, enquanto os quatro jogavam cartas e bebiam na casa espiritual, Erick anunciou que deixaria de frequentar o local. T. o alertou de que ele poderia sair, mas que não se responsabilizaria pelo que acontecesse após a perda de proteção. Para isso, disse ao adolescente que ele deveria acender vela em local próprio, como um ritual de saída da religião.

Durante a noite, T. guardou instrumentos em sua mochila, inclusive facas, e chamou todos para acenderem vela. Os quatro saíram da casa, passaram por uma capela próxima e, ao chegarem na estrada de terra, um jovem que é testemunha no processo decidiu ficar perto de um portão, pois não se sentia bem. Nisso, S. ficou ali o acompanhando e depois seguiu em frente somente com T. e Erick.

Os dois atraíram o adolescente a um local deserto, sob o pretexto de que lá acenderiam a vela para lhe dar proteção quando saísse da religião. Foi T. que determinou a Erick que se ajoelhasse e iniciasse a oração.

“Já no sítio do evento, os denunciados com objeto(s) perfurocortante(s) e, em prática de um ritual macabro, desferiram 21 golpes contra a vítima de forma violenta, atingindo várias partes do corpo, inclusive coração e pulmão, bem como causando-lhe grande lesão no braço, sendo que os ferimentos causados pela agressão foram a causa de sua morte”, narrou a promotora na denúncia.

Em seguida, T. voltou pela estrada e, ao entrar na capela, dispensou a mochila que levava. Enquanto isso, S. retornou por outro caminho de T., que buscava se isentar de responsabilidade e imputava a ação ao colega. No dia seguinte, como Erick não retornava, a sogra do menino acionou o celular da filha para localizar o telefone da vítima. Chegaram ao local próximo à capela do Jd. Lagoa Nova. Em certo momento, encontraram S. nas proximidades com uma mochila. Ele estava nervoso e dizia que tinha ido acender velas.

Após insistência do médium, S. confessou à família de Erick e, posteriormente à Polícia Civil, que era o único autor do homicídio. Mas isso mudou ao longo do processo.

21 facadas no dia 21

As suspeitas ainda permaneciam sobre T e se evidenciaram a partir dos depoimentos das testemunhas na audiência realizada no último dia 19 de julho. T. foi considerado o autor intelectual do crime e teve a prisão decretada pela Justiça.

Para o MP, o crime foi praticado por motivo torpe. Eles não aceitavam o desejo de Erick de sair do centro espiritual e, segundo a promotora, o mataram como forma de imolação, sacrifício, com 21 golpes de faca no dia 21 (de janeiro). O delito também ocorreu sem chances de defesa à vítima, que estava desarmada.

A promotora pede que S. e T. sejam pronunciados, ou seja, submetidos a júri popular por homicídio triplamente qualificado. À Justiça, solicitou a decretação de prisão preventiva de T., que já está detido de forma temporária. Além disso, mais diligências foram pedidas, como laudos na CPU do computador de S. e uma nova tentativa de acesso ao celular de Erick. O MP também pediu a exclusão da acusação de ocultação de cadáver.

Os pedidos serão analisados pela 1ª Vara Criminal de Limeira.

Foto: Diário de Justiça

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