por João Geraldo Lopes Gonçalves
Eduardo Bolsonaro, o zero três da hierarquia soldadesca e patética de Jair, o pai, logo no início de seu mandato como deputado federal, o recheou de discursos ameaçadores à democracia e às instituições.
Em uma de suas primeiras declarações, o quase embaixador nos Estados Unidos afirmou que, para fechar o Supremo Tribunal Federal, bastava um cabo e um soldado das Forças Armadas.
O bananinha, como o chamou o vice-presidente, general Humberto Mourão, ainda continuou várias vezes ameaçando o Estado de Direito, com defesas do AI5- Ato institucional – ou melhor a volta dele e outras bravatas.
Eduardo representa, de certa forma, a voz mais feroz do pai junto a opinião pública. Há quem diga que sua verborragia nada mais é do que o braço parlamentar de Bolsonaro.
Agora, as ameaças de golpe e ruptura institucional não se limitam apenas a Eduardo. O próprio presidente, em live nos últimos dias, disse que o Supremo esticou a corda e agora acabou.
A convocação pelos bolsonaristas de ato no dia Sete de Setembro vem sendo vendido como o Dia D, day after, o último recado vindo das ruas.
É interessante verificar que, ao radicalizar a ideia de golpe, vozes escondidas no armário aparecem como líderes de motins e algazarras nesta aventura golpista. Quem imaginaria que o cantor de Panela Velha mostraria sua face de líder de uma greve para fechar as instituições?
E mais: quem diria que eminências pardas do agronegócio se encheriam de coragem, a ponto de financiar abertamente os comícios antidemocráticos?
Um velho amigo informou a este escriba que os donos de bois e da agricultura tóxica tem ganho dinheiro feito arrouba de gado gordo desde o Golpe de 2016.
Com Bolsonaro às burras tem transbordado, e isto os fazem continuar na defesa quase que desesperada de um governo suspeito de corrupção e acusado de genocídio.
Explica porque alguns empresários tentam a todo custo convencer de que o Brasil mudou e só não muda mais por que os comunistas infiltrados no STF, no Congresso, não deixam.
Para este grupo, inclui-se aí o agronegócio, o preço da gasolina, da carne, do leite, do gás, pouco importa. E daí?, como diria seu presidente.
Ungido por lideranças religiosas equivocadas ou, no mínimo suspeita de idoneidade, ética e moral, o discurso golpista se alia ao do rico empresariado com o adicional de ser “vontade” de Deus, e é preciso ter fé que o emprego vem.
Os grupos de apoio a cantilena do golpe engrossa com o Centrão, que embora enfatiza não concordar com ruptura, se sente confortável com emendas e cargos do governo.
Mas a pergunta do título, nobre escriba?
Afinal, vai ter golpe?
Desde o início desta possibilidade sempre escrevo e disse não acreditar que se concretize. Não há condições objetivas, como o não funcionamento das instituições que garantam a democracia.
As próprias Forças Armadas já disseram que esta é uma possibilidade que deve ser descartada. O golpe clássico com tanques na rua, fechando e prendendo, está longe de acontecer.
A própria sociedade brasileira não aceita mais uma situação de trevas, violência e censura. Bolsonaro tem esgotado suas possibilidades de uma volta por cima, a curto prazo.
A corda, na verdade, tem se encurtado para ele. As tentativas de melhora na economia já são uma realidade que não se confirmarão no ano que vem.
A volta da alta inflacionária já é esperada e a fuga de investimentos deve ser maior ainda. A Faria Lima, endereço na capital paulista, onde se concentra o chamado mercado financeiro, tem se manifestado que chegou a hora de desembarcar da aventura bolsonarista.
Periódicos de imprensa, como Isto É e o Estadão, representantes deste segmento já se posicionam pelo impeachment.
Nem Paulo Guedes, o ex-Posto Ipiranga, segura o mercado. E aí tem as pesquisas eleitorais: Jair perde para todo mundo em um segundo turno e sua rejeição já se aproxima de 60% da população.
Então qual a saída de Jair e seus bolsominions? Garantir 20% ao menos de intenção para ir ao segundo turno, manter a aliança com o centrão e continuar tencionando com ameaças de ruptura para jogar para a torcida.
Por isto, não haverá golpe.
No entanto…
…continuo semana que vem.
João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor e consultor político e cultural.
Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar
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