Pai de médica se apresentou como “mestre em licitações” e pagou R$ 15 mil de fiança para ser solto

Preso em flagrante pela Polícia Civil na noite desta sexta-feira (21/08) por manter grande depósito de produtos medicinais de procedência desconhecida, o pai da médica limeirense detida na quarta-feira pagou fiança de R$ 15 mil e foi solto para responder às eventuais acusações em liberdade.

Conforme o DJ adiantou ontem (leia aqui), policiais foram até uma residência na Avenida Campinas, onde reside o pai da médica presa nesta semana em operação do Distrito Federal, que apura desvio de milhões de reais em contratos para fornecimento emergencial de leitos de UTIs na pandemia – ela pagou R$ 22 mil de fiança e foi liberada. As buscas foram autorizadas pela 3ª Vara Criminal de Limeira.

Foi encontrada, nos fundos da residência, grande quantidade de remédios e outros produtos médicos, sendo 7 mil, entre eles itens de respirador, muito utilizado por hospitais durante a pandemia. Os objetos estavam numa casa vazia que fica nos fundos do imóvel. O mandado de busca foi expedido após a polícia comunicar a Justiça de que havia informações de que o pai da médica estaria apreensivo após a detenção da filha e estaria ocultando materiais em sua casa. Ele recebeu os policiais e franqueou a entrada.

Aos policiais, o aposentado relatou que os materiais eram dele. Ele teria afirmado que era “mestre em licitações” e participou de várias em cidades da região. Relatou que, se os medicamentos fossem apreendidos, pessoas em Pirassununga iriam morrer, já que eles seriam utilizados pela Santa Casa local. A empresa do companheiro de sua filha presta serviços no local. A médica limeirense atua como diretora-clínica desta empresa.

A agente da Vigilância Sanitária que esteve no local confirmou que os medicamentos encontrados são de uso hospitalar exclusivo, incluindo antibióticos e controlados. Ao analisar o CNPJ das empresas indicadas pelo aposentado, nenhuma delas possuía atividades de disponibilização dos medicamentos e insumos localizados na casa.

Para justificar a presença deles, o pai da médica teria alegado que eram sobras do contrato das empresas no Distrito Federal. Durante a abordagem, o aposentado exibiu em seu celular uma comenda da Câmara de Pirassununga elogiando a atuação de uma das empresas que representa, qualidade de procurador, pelos trabalhos realizados no combate à Covid na cidade.

Segundo a representante da Vigilância, as condições de armazenamento não garantem a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos e insumos. Ela fez à Polícia Civil diversas observações sobre o ambiente e confirmou que nenhum documento que comprovasse a origem dos produtos foi apresentado. Mencionou que os kits de intubação e ventilação manual estavam dispostos de maneira a comprometer a esterilidade do produto e alguns medicamentos estavam vencidos.

O delegado Leonardo Burguer indiciou o aposentado pelo delito previsto no artigo 273, §1º c/c §1ª-B do Código Penal e arbitrou fiança no valor de R$ 15 mil. O valor foi apresentado e o próprio delegado determinou a soltura do investigado. À polícia, ele usou o direito constitucional de apenas falar em juízo.

Foto: Divulgação

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