Por Farid Zaine
@farid.cultura

Acabou a festa. O 94º Oscar ganhou sua marca, o tapa que Will Smith deu em Chris Rock, após o apresentador fazer piada com a cabeça raspada de Jada Pinkett Smith, esposa de Will. A brincadeira foi mencionar que Jada estaria se preparando para uma continuação de “Até o Limite da Honra”(G.I. Jane, 1997), em que Demi Moore aparece de cabeça raspada. Jada raspou a cabeça por causa da perda de cabelos que vem sofrendo (alopecia).

O que era para ser uma noite histórica pela vitória de “No Ritmo do Coração” sobre “Ataque dos Cães” vai ser marcada por esse insólito acontecimento, capaz até de ofuscar a homérica gafe de anunciar “La La Land” como vencedor, e depois ser feita a correção, pois o vencedor real era “Moonlight”. Não dá para esquecer as caras totalmente desconcertadas de Faye Dunaway e Warren Beatty, que simplesmente não tinham noção do que estava acontecendo naquela noite de 26 de fevereiro de 2017.

No caso do tapa de Will Smith em Chris Rock, e frase rancorosa que Smith dirigiu a Rock, a plateia estupefata ficou por uns instantes completamente muda, sem saber se se tratava de algo real ou combinado. Tudo indica que foi real, pois a própria Academia se manifestou logo depois do encerramento da cerimônia, colocando-se completamente contra qualquer tipo de violência, física ou verbal.

Will Smith era o mais forte concorrente e venceu na categoria de Melhor Ator. No seu discurso, tentou se desculpar, chorou, arrumou formas de justificar sua atitude, mas não colou. Ficou uma mancha indelével e imperdoável a marcar essa edição do Oscar.

As piadas feitas por apresentadores sempre existiram, a plateia sempre esteve preparada para isso. Houve muitos exageros através do tempo, com brincadeiras grosseiras e ofensivas. Na maioria das vezes, contudo, as vítimas das piadas se divertiam ou, com classe, fingiam que gostavam. Will Smith extrapolou, mas há que se considerar a inconveniência da piada de Chris Rock.

No mais, vejamos os premiados. O resultado foi praticamente antecipado aqui no Diário de Justiça, na Tribuna de Limeira e em todos os programas dos quais participei fazendo minhas previsões.

Dos 23 prêmios da Academia, acertei o destino de 22, errando somente na categoria curta de animação (não assisti ao filme vencedor, “The Windshield Wiper”). Configurou-se então o que coloquei nas minhas previsões: “No Ritmo do Coração” venceu nas três categorias em que concorria, as de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado.

“Ataque dos Cães”, que era o campeão de indicações, com 12, ficou apenas com o de Melhor Direção para Jane Campion. “Duna”, como previmos, saiu com o maior número de estatuetas, 6, pois se trata de um filme tecnicamente perfeito, conforme coloquei na minha crítica aqui neste espaço, no dia 30 de outubro de 2021, por ocasião do lançamento do longa no Brasil.

Na Veja on-line de hoje, comenta-se que “Belfast” surpreendeu ao levar o Oscar de Melhor Roteiro Original. Não para nós, que previmos essa vitória do filme de Kenneth Branagh. E assim, todas as outras previsões se confirmaram, entre elas :

Melhor Ator: Will Smith (King Richard – Criando Campeãs)

Melhor Atriz: Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)

Melhor Ator Coadjuvante: Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)

Melhor Atriz Coadjuvante: Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)

Melhor Figurino: Cruella

Melhores Cabelo e Maquiagem: Os Olhos de Tammy Faye

Melhor Documentário de Curta Metragem: The Queen of Basketball

Melhor Documentário: Summer of Soul

Melhor Animação: Encanto

Melhor Filme Internacional: Drive My Car (Japão)

Melhor Canção: No Time to Die (007 – Sem Tempo para Morrer)

Melhor Curta: The Long Goddbye

Para quem quiser conferir, basta rever o artigo publicado no sábado na coluna “Cláusula Cultural”.

“CODA – No Ritmo do Coração”, um remake do original francês “A Família Bélier”, pode ser visto no Amazon Prime. O fato mais importante desse filme emocionante é que a diretora Sian Heder trabalhou com dois atores e uma atriz surdos-mudos na vida real. Leia nossa crítica neste link.

Isso conferiu autenticidade e relevância ao longa, um filme independente, de baixo orçamento para os padrões de Hollywood, e que acabou conquistando o mais importante prêmio do cinema . Vale a pena ver e também comparar com o original.

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