O Ministério Público (MP) de Limeira ofereceu à Justiça, nesta terça-feira (26/09), denúncia contra S.S.F., autor do feminicídio de sua esposa, Angeliandra Antônia Alves Ferreira, de 32 anos, na noite do último dia 19. Ele também vai responder pelo crime de tentativa de homicídio contra os dois filhos – um menino de 11 anos e uma menina de 3 anos -, bem como lesão corporal contra o garoto. As crianças presenciaram a morte da mãe.
O crime, ocorrido no apartamento do casal em condomínio no Jd. Colinas de São João, teve repercussão em toda a região. S. está preso preventivamente por ordem do juiz da 1ª Vara Criminal de Limeira, Rogério Danna Chaib, em decisão tomada na audiência de custódia realizada no dia seguinte ao assassinato.
A promotora Débora Bertolini Ferreira Simonetti pede que o homem seja submetido a júri popular por homicídio com 4 qualificadoras em relação à esposa: feminicídio, motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa à vítima. Em relação às crianças, são duas tentativas de homicídio triplamente qualificadas: motivo fútil, emprego de meio que resultou perigo comum e sem chance de defesa.
Segundo a denúncia, o casal mantinha um relacionamento por 13 anos. Naquele dia, não querendo a permanência dele na casa, Angeliandra teria o mandado à casa da sogra, se arrependendo depois, quando permitiu que ele voltasse no final do dia. Ela foi à igreja no final da tarde com as crianças e S. ligava insistentemente para a esposa, que não atendia às chamadas.
Por volta das 22h, ambos retornaram para o apartamento do casal. S. passou a acusar a vítima de traição e iniciou a discussão. Ele foi até a cozinha, pegou uma faca e começou a golpeá-la em diversas partes do corpo. O crime foi visto pelos filhos, que estavam na sala. O menino de 11 anos tentou tirar a faca do pai e teve a mão cortada – daí a acusação de lesão corporal.
Após atingir a esposa, S. deu uma facada no próprio abdome e tentou pular da janela. Quem impediu a ação foi o filho. Na sequência, narra a promotora, com o objetivo de tirar a própria vida e dos filhos, S. voltou à cozinha e cortou a mangueira de gás. Depois, subiu na cama com a faca e gritava: “Ela queria ir em algum lugar, mas agora ela não vai em lugar nenhum”.
Vizinhos ouviram os pedidos de socorro e se depararam com a cena de terror, levando as crianças para outro apartamento. Eles sentiram o cheiro de gás, mas não conseguiram desligar o registro, que estava danificado. A saída foi desligar o registro geral do bloco de apartamentos.
Em seguida, S. desceu as escadas correndo e perdeu os sentidos. Foi encontrado ferido e desacordado em frente ao bloco do prédio. “As crianças somente não foram mortas porque os vizinhos chegaram e conseguiram tirá-los daquele local, pedindo, ainda, que todos se retirassem do prédio por conta do vazamento do gás”, aponta Débora.
O feminicídio praticado na presença de descendentes da vítima, como foi o caso, aumenta a pena de 1/3 até a metade, conforme o Código Penal. Na denúncia, a promotora pede que o menino de 11 anos seja ouvido por meio de depoimento especial, um procedimento específico para oitiva de menores nos autos do processo criminal.
A denúncia será analisada pela 1ª Vara Criminal de Limeira. Na primeira etapa dos julgamentos de crimes contra a vida, a Justiça avalia se há indícios de autoria e materialidade suficientes para que o réu seja julgado por júri popular. A sessão de julgamento só é marcada após a pronúncia do réu e o esgotamento dos recursos cabíveis.
Foto: Pixabay
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