Fora Bolsonaro já ou 2022?

Por João Geraldo Lopes Gonçalves

Alguns amigos têm perguntado porque parte das esquerdas e dos democratas, e aí se encontra o intitulado centro político, tem se comportado em não levantar a bandeira do Fora Bolsonaro, do impeachment?

As dúvidas e o inconformismo de alguns é que não se pode aceitar por tanto tempo um governo que literalmente promove a morte, por Covid-19, fome e violência.

Como assistir passivamente um festival de horrores que invade nossos lares através das mídias e das ações de Bolsonaro e seu governo? Como pedir calma, quando um ente querido morre por falta de Vacina, perde seu emprego e passa fome?

O que faz as forças políticas que defendem o Estado de Direito não se mobilizarem para desmascarar os crimes deste governo e exigir sua saída já e não nas urnas no ano que vem?

Aliás, Dilma Roussef foi cassada por argumentos dos mais pífios que caracterizam sua inocência. Já Bolsonaro, e a CPI da Covid está provando isto: comete um crime atrás do outro na Saúde, no Meio Ambiente, nas finanças públicas e por aí vai.

Além disto, as ameaças em rasgar a Constituição e dar mais um golpe na democracia. Jair é expert em golpes. Defende o de 1964, participou do de 2016, se relaciona com golpistas espalhados pelo mundo todo.

Nossa sorte é de que as instituições e a própria sociedade brasileira não vacilem em relação a democracia. Não trocam liberdades por uma vida de exceção e autoritarismo.

Motivos para desencadear o Fora Bolsonaro, temos aos borbotões. Só na mão do presidente da Câmara dos Deputados são mais de 100 requerimentos pedindo o impeachment de Jair.

Arthur Lira líder do centrão, hoje aliados do governo literalmente senta em cima dos pedidos, mas os utilizando para negociações que fortalecem o fisiologismo clássico de seu grupo. Na outra ponta o já citado aqui centro político, que podemos incluir aí PSDB, Rodrigo Maia e outros.

Este espectro demorou para se definir como oposição a Bolsonaro. De início chegou a ensaiar aproximações e teve até o governador de São Paulo declarando amores pelo presidente. E só para constar, João Dória votou e pediu votos para Bolsonaro em 2018.

E não só ele, como a maioria do centro que também se envolveu diretamente no golpe de 2016. Fernando Henrique, por exemplo, foi o primeiro a sugerir a abertura do Impeachment.

A história recente não se pode esquecer. Até o pequeno e barulhento partido Novo representante do tal liberalismo foi base do atual governo.

Já as Esquerdas, às vezes chega perto de uma frase famosa nos anos 70, que dizia que só ficava unida na cadeia da ditadura.

O PT ainda não se entende internamente. Há setores que defendem claramente o palanque do ano que vem e enxergam em Lula o Salvador da Pátria, que herdará um País destruído e em um passe de mágica o transformará.

A imensa base partidária já desperta para resolver hoje e agora. Ela esteve em peso nos atos do Fora Bolsonaro no dia 29 de Maio.

Ciro Gomes continua com sonho de liderar as esquerdas com um discurso divisionista e para agradar o centro. Precisa decidir o que quer.

Estes dois blocos de esquerda se deparam com um PSOL definido quanto a sua estratégia e os movimentos sociais buscando saídas as vezes corporativas e isoladas da situação.

Porém, as pesquisas do Data Folha divulgadas dias antes dos protestos do Fora Bolsonaro apontam uma queda drástica na popularidade do presidente, bem como a insatisfação com o cenário de morte provocado pela crise sanitária.

Estes elementos levaram ao sucesso dos atos contra Bolsonaro. Ainda é cedo para apontar as consequências. Mas pode, não temos dúvida, aproximar as pautas das esquerdas e do centro Político.

Este bloco, historicamente, foi responsável por mudanças significativas. A unidade deles derrubou uma ditadura, fez uma Constituição Cidadã e cassou Collor de Mello.

Ainda é prematuro afirmar, mas é possível que Bolsonaro se despeça do Planalto antes do combinado. Mas este é assunto para próximos textos.

João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor, consultor político e cultural.

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