Dez se tornam réus em Cordeirópolis por associação criminosa que age contra trens

A Justiça de Cordeirópolis recebeu nesta quinta-feira (13) a denúncia contra dez homens que são acusados pelo Ministério Público (MP) do crime de associação criminosa. Todos foram identificados a partir de uma investigação que começou em março do ano passado a partir de uma ocorrência furto qualificado de grampos utilizados para prender trilhos da linha férrea.

A Polícia Civil, por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, identificou que os integrantes do bando atuam em delitos envolvendo a subtração de objetos ligados à malha ferroviária que passa pelas cidades de Cordeirópolis e região, bem como em outros municípios do interior paulista, como Campinas, Hortolândia, Assis, Cândido Mota e Paraguaçu Paulista.

A promotora que assina a denúncia, Aline Moraes, aponta que a infrações envolvem, também, a subtração dos produtos contidos nos vagões dos trens, como álcool, soja, milho, diesel e carne, bem como a subtração de objetos de ferro integrantes da própria estrutura da linha férrea, é o caso dos trilhos, dos grampos e das placas fixadoras dos trilhos, dentre outros, gerando incontáveis prejuízos e riscos. “A partir do início da pandemia do coronavírus que assolou não só país, mas todo o mundo, houve considerável aumento no preço de produtos feitos à base de ferro, aço e cobre, que são as denominadas sucatas. Por isso, também se aumentou o número de crimes relacionados a tais objetos, eis que a revenda dessas peças no mercado paralelo, mormente para os comércios vulgarmente chamados de ferros-velhos, passou a ser extremamente vantajosa do ponto de vista financeiro”, descreveu.

De acordo com o MP, o prejuízo não é somente o financeiro à empresa que administra a malha ferroviária, mas também ao sistema financeiro como um todo e à sociedade. “E, se não bastasse, colocam em risco a vida e a integridade física das pessoas que trabalham nos trens, além de transeuntes, pois têm o potencial de causar o descarrilamento das locomotivas”. Na denúncia, ela aponta descarrilamento que ocorreu em Cordeirópolis em março do ano passado.

Outra consequência ocorre quando há corte das mangueiras que interligam os vagões dos trens, medida usada para que o trem pare e os furtos ocorram. Essa situação, conforme a promotora, provoca a parada inesperada da composição e causa o desarranjo de toda a malha férrea. “E esses problemas podem culminar em danos ambientais, a depender da carga transportada pelo trem, em desastre ferroviário, e em imensurável prejuízo econômico à empresa, que administra as ferrovias e as locomotivas, o que decerto torna mais caro o valor do frete e, consequentemente, o valor final do produto transportado. Ou seja, no final, é a própria sociedade, na figura dos consumidores, que acaba arcando com boa parte dos prejuízos financeiros ocasionados pelas condutas ilícitas da associação criminosa composta pelos denunciados”, argumentou.

Além do recebimento da denúncia, ela requereu à Justiça que seja decretada a prisão preventiva dos acusados e o bloqueio de todas as contas-correntes e investimento nos nomes dos denunciados.

Os pedidos foram analisados nesta quinta-feira pelo juiz Luiz Gustavo Primon, da Vara Única de Cordeirópolis, que recebeu a denúncia e, com isso, todos se tornaram réus e poderão apresentar suas defesas. Quanto ao pedido de prisão preventiva, o magistrado decretou a medida para quatro réus que são reincidentes. Os seis demais responderão à acusação em liberdade, mas foram impostas medidas cautelares. O magistrado também indeferiu o pedido de bloqueio das contas dos acusados.

Nessa fase do processo, as defesas poderão apresentar suas manifestações para que a Justiça analisa as versões de cada réu. Ainda não há data para o julgamento da ação penal.

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