Darci diz que se aposentou e renunciou ao mandato em Limeira para beneficiar a filha

O ex-vereador Darci Reis de Sousa (PSD) prestou depoimento, na manhã desta terça-feira (14/03), e esclareceu publicamente, pela primeira vez, as razões da renúncia ao seu mandato na Câmara Municipal de Limeira, em 2021. Ele afirmou (assista ao depoimento na íntegra ao final da reportagem) que resolveu se aposentar e não assumiu a cadeira no Legislativo para beneficiar a filha, que já estava nomeada no Executivo.

A CPI foi instaurada em dezembro de 2022 com o objetivo de investigar possível compra do mandato de Darci para beneficiar José Roberto Bernardo (PSD). Darci era o primeiro suplente do partido e foi convocado para assumir a cadeira de vereador quando Jorge de Freitas deixou a Câmara para assumir o cargo de secretário de Habitação. Darci renunciou ao mandato e José Roberto, segundo suplente, ficou com a vaga – atualmente, Jorge retornou ao Legislativo e José Roberto, ao Executivo como comissionado.

Darci negou, em diversos momentos, ter recebido qualquer vantagem financeira para beneficiar José Roberto. “Depois de participar de tantas eleições, resolvi me aposentar”, falou à CPI. Ele já anunciou que não tentará uma vaga à Câmara em 2024 e vai apoiar outro pré-candidato.

Eleito vereador no ano de 2000, Darci ficou suplente nas duas legislaturas seguintes e voltou à Câmara em 2013, sendo reeleito em seguida. Em 2020, ficou como primeiro suplente.

Darci disse que, após ter ficado de fora da legislatura, foi convidado a trabalhar no Executivo, mas preferiu indicar a filha. “Ela perdeu a mãe quando tinha 7 anos. Deus me abençoou, casei de novo e minha mulher ajudou-a nos estudos. Ela se formou advogada em 2019, atuou como estagiária em escritório no ano seguinte. Aí veio a pandemia e ela ficou muito prejudicada. Ela não teve condições de exercer seu trabalho e foi trabalhar no Executivo”, explicou.

Isabelly Kuhl de Sousa foi trabalhar como assessora de gabinete na Secretaria de Assuntos Jurídicos, com salário de R$ 8 mil. Segundo Darci, quando Jorge ia assumir a secretaria, ele deu preferência à filha – se assumisse, para evitar problemas com nepotismo, ela teria de ser exonerada. “Já tenho meus aluguéis declarados, hoje pago INSS por conta própria. Resolvi não assumir e coloco a prova em Deus. A minha filha ficou órfã aos 7 anos, hoje tem 26 anos e está muito feliz em seu emprego. Eu quis beneficiar minha filha”, disse.

Darci relatou que foi ele quem procurou o Executivo para anunciar que não assumiria a cadeira no Legislativo, e não o contrário. “Eu disse que não tinha interesse. Não tive nenhum benefício, só o trabalho da minha filha. Financeiramente, o [prefeito] Mario [Botion] nunca me deu 1 real. Eu tinha que deixar minha filha levantar voo sozinha e hoje ela caminha com as próprias pernas. Estou tranquilo porque falo a verdade”.

O vereador Francisco Maurino dos Santos (Republicanos), proponente da CPI, diz que o Ministério Público foi acionado com quatro representações para investigar a renúncia de Darci, mas o inquérito foi arquivado por insuficiência de provas. A comissão aprovou requerimento para ouvir José Roberto no próximo dia 28 de março, às 9h30.

Foto: Câmara Municipal de Limeira

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