A TV transparente

por Fernando Bryan Frizzarin

Na última semana, durante o grandioso evento de tecnologia CES – Consumer Electronics Show, que acontece em Las Vegas, EUA, a fabricante sul-coreana de eletrônicos LG apresentou a TV com tela transparente.

Causou sensação e especulações: como pode ser transparente? Como conseguiram isso sem fios?

Especialistas, seguidos por outros especialistas, tentam explicar a proeza que, claro, permanece em segredo, merecendo reconhecimento como uma grande invenção nos seus primeiros momentos. A LG não explica, apenas mostra como funciona e divulga as inúmeras possibilidades de uso. E é aí que tudo isso me fascina.

Quais são as possibilidades de uso de uma TV transparente? Janelas que, ao invés de vidro, podem utilizar telas transparentes. Às vezes, posso olhar para a parede que divide o terreno com o vizinho; outras vezes, pode ser uma linda paisagem de um litoral dourado pelo pôr-do-sol.

A porta do micro-ondas poderia permitir que eu veja o alimento sendo cozido e, por sobreposição ou justaposição, alguma receita ou dados sobre temperatura e tempo de cozimento.

Mas a TV, como TV mesmo, pode ser algo interessante se colocada no meio da sala e não mais em um canto ou parede, permitindo que seja assistida de ambos os lados. Imagino uma sala quase 360 graus onde as pessoas se sentam ao redor da TV como quem se senta à beira de uma fogueira.

Para assistir a um filme dublado, não creio haver grandes problemas. A ação que ocorre de um lado da tela vai para a direita; do outro, irá para a esquerda. O importante não é de que lado vem o soco do herói, basta que o vilão sucumba. Basta que o foguete não vá para cima de um lado e para baixo do outro. Mas lembre-se do básico de ótica nas aulas de física do colégio: isso não tem a menor possibilidade de acontecer.

Para filmes legendados, tudo ficará mais interessante. Poderemos assistir do lado onde a legenda fica ao contrário, dificultando a leitura e facilitando a tentativa de compreender a língua, por exemplo, treinando o inglês. Um duplo exercício cerebral!

Já fico imaginando as comunidades nas redes sociais e as discussões nos jornais. Pais criticados por colocar as crianças do lado onde mal se compreende a legenda. Estabelecimentos que fazem o mesmo, mas deixando tudo ao contrário para quem passa pela rua, atraindo-os à imagem “correta” para quem quer conhecer o que vendem.

Começaria uma nova classe de pessoas, as que leem de trás para frente. Com o tempo, virará moda na internet criar sites e mais sites apenas para pessoas que assistem TV “do outro lado”. Será moda e, se você não consegue ler as coisas de trás para frente, será considerado cringe.

Os jornais poderão ter seções inteiras dedicadas a esse público, com sinopses de filmes, resumos de novelas e notícias do cotidiano, tudo escrito ao contrário. Será uma revolução! Talvez até criem termos e palavras novas (savon – avon – vixi! Daqui dá para sair outra história) com jeito dessa nova era.

Podem também transplantar isso para o cinema, sim! Salas de cinema com uma tela semitransparente onde há espectadores dos dois lados. O dobro de plateia pelo mesmo custo do filme. Um dos lados poderá até ser mais barato que o outro, dado a moda. Depois, em rodas de conversa, metade dos amigos que assistiram de um lado e a outra metade que assistiu do outro, podem discutir o que e como entenderam o enredo.

Cineastas, sempre geniais, podem criar efeitos para que haja duas histórias ao mesmo tempo e, dependendo do lado em que você esteja, entenda e veja o filme de uma maneira diferente.

Viva a tecnologia! Viva a imaginação!

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.