Cuidadores de domicílio e seu potencial de geração de empregos

Por Maria Paula Ferreira

No Brasil, as famílias são as principais responsáveis por cuidar de indivíduos com distintos níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Essa característica faz com que o setor de cuidados tenha grande potencial para se transformar em frente de expansão de emprego, já que a demanda por trabalhadores da área de assistência e cuidadoras vem crescendo.

A Fundação Seade realizou pesquisa sobre cuidados em domicílio, e constatou que o trabalho de cuidados na família é majoritariamente feminino e parental. A maior participação das mulheres no mercado de trabalho, associada às mudanças demográficas recentes, apesar de alterar os arranjos familiares, não mudou substancialmente o fato de que o trabalho de cuidados ainda é relacionado ao papel das mulheres na sociedade. O estudo teve como objetivo investigar tanto a qualidade (e precariedade) de vida das famílias quanto o potencial do segmento para incorporar mão de obra.

Além do perfil das pessoas responsáveis pelo cuidado em domicílio, dentre a amostra pesquisada, o estudo da Fundação Seade apontou que pessoas com deficiências estão entre as mais dependentes de cuidados, e que os cuidados com crianças pequenas ficou restrito aos domicílios durante a pandemia de Covid-19.

No Estado de São Paulo, à ocasião do estudo, concluído em 2022, 1,5 milhão de famílias tinham crianças com até cinco anos completos, sendo que 84% destas famílias tinham uma criança nesta faixa etária, 14% possuíam duas crianças e 2% tinham pelo menos três crianças. Em média, há 4,3 pessoas nas famílias com crianças até cinco anos completos. Com a paralisação das creches e escolas na pandemia, estas crianças passaram a maior parte do tempo exclusivamente sob os cuidados de suas famílias, em especial dos pais, com menor contato com outras crianças ou adultos. E voltaram a frequentar a escola no final de 2021, ainda com certas restrições.

Mesmo antes da pandemia, a economia do cuidado já vinha ganhando importância com número expressivo de trabalhadores mobilizados: 381 milhões no mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Sejam idosos, pessoas com deficiência ou crianças, as pessoas que precisam de cuidados representam um contingente crescente, sobretudo frente ao envelhecimento da população no Brasil.

Maria Paula Ferreira é Gerente – Gerência Social; Diretoria Adjunta de Produção e Análise de Dados – Fundação Seade.

Foto: Divulgação/Fundação Seade

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