Cabelo

por Fernando Bryan Frizzarin

Ainda acredito que o futuro da humanidade é não ter mais cabelos ou pelos pelo corpo. Aprendi, entre outras coisas, com Darwin, que a seleção natural favorece a persistência na existência quando faz algum sentido, especialmente no que diz respeito ao uso.

Os humanos, nos primórdios, eram mais parecidos com os símios, com pelos por quase todo o corpo, com cabelo grosso da cabeça até os pés. Essa cobertura protegia contra as intempéries, aquecendo no frio e protegendo do sol escaldante. Pelo menos, é o que consta nos livros de história e geografia. O homem das cavernas já um pouco mais parecido com um Homem atual do que um símio, mas era ainda bastante peludo.

Com a invenção (ou descoberta?) da roupa, os pelos começaram a perder sentido. Já não era mais vantajoso procriar com quem se assemelhava a um cobertor ambulante. Com a menor necessidade, os pelos diminuíram e se concentraram onde eram mais úteis: na cabeça, em volta da boca e bochechas, abaixo dos braços (subaco, sobaco, sofaco, sufaco, axila – você escolhe) e outras partes que não preciso listar, mas você sabe muito bem.

Atualmente, a situação é bem diferente, e não se passaram milhões de anos. Nas partes que não preciso listar, a desnecessidade dos pelos torna-os socialmente inaceitáveis. A prova é que Cláudia Ohana fez trabalhos maravilhosos na dramaturgia, mas as pessoas injustamente só se lembram da Playboy em que foi a estrela principal. Nesse caso, quem tem menos pelos está mais apto, conforme a teoria de Darwin.

Subindo mais no assunto, penso no cabelo que, na mesma proporção em que me sobram parafusos na caixa de ferramentas, me faltam na cabeça. Com a invenção (ou descoberta?) do chapéu e, mais recentemente, do protetor solar fator 60, esses pelos no cocuruto acabam por ser um tanto quanto desnecessários.

Bom, prólogo posto, vamos à história: de repente, me vi numa roda de homens discutindo qual o melhor remédio ou receita para fazer crescer cabelo e cobrir a já posta calvície. O que chamam de entrada, saída ou falta de cabelo tem nome: carequice que chega à porta.

Pus-me a tentar entender, assim como uma mulher poderia fazer em uma roda de homens que especulam como agiriam se fossem mulheres, o que se passa nessas cabeças já não tão cabeludas quanto os donos gostariam que estivessem.

Descobri que a maioria dos remédios nem sempre dão totalmente certo. Eles fazem crescer pelos por todo o corpo, inclusive na cabeça, mas podem ter efeitos colaterais graves ou profundamente indesejáveis pelos homens.

Para tentar contribuir na discussão, eu, um careca convicto, filosofei que “embaixo de toda cabeleira há uma careca reluzente”. “Futuro evolutivo da humanidade.” Ou já desandando pela impaciência com “toma remédio, cresce pelo em todo lugar, depila o corpo todo, mas ser careca é feio, ironias”. Desnecessário.

Gosto da minha careca. Rende piadas. Rende ofensas. Mas ditados populares nunca erram!

Eu, o Denis, o Bruce Willis, o Alexandre de Moraes, o Patrick Stewart, Sean Connery, The Rock, Damon Wayans, Ed Harris, quase todos os astros do basquete mundial, James Taylor, Samuel L. Jackson, Karnal, Pondé, todos somos carecas e é de nós que “elas gostam mais”.

Enquanto as mulheres fazem campanhas sobre o fim do “corpo ideal” pelo “corpo real”, a homarada preocupa-se em fazer bonito com a cabeleira, mesmo correndo o risco de fazer feio.

Não se engane, Darwin segue firme e forte, pelo menos até agora.

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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