BRK faz estudos para reúso de água em Limeira após tratamento de esgoto

Vereadores que integram a comissão que analisa os serviços prestados pela concessionária BRK Ambiental e pela agência reguladora ARES-PCJ estiveram, nesta sexta-feira (29/10), na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Tatu, no bairro José Cortez, onde conheceram a área interna da unidade, o processo de tratamento e as possibilidades em estudo sobre o reúso da água que sobra do processo, hoje despejada no Ribeirão Tatu com uma qualidade, segundo a BRK, melhor do que a água do próprio ribeirão.

Em setembro, os vereadores Ceará (Republicanos), Lu Bogo (PL), Helder do Táxi (MDB) e Ju Negão (PV) estiveram no José Cortez para conversar com munícipes, que reclamavam do mau odor exalado pelos esgotos tratados naquele local. Nesta sexta-feira, foi a vez de conhecer a ETE. Os vereadores conheceram as etapas de tratamento que o esgoto passa até estar apto a ser devolvido ao meio ambiente.

Sistema holandês

De acordo com o diretor de operações da BRK, Rodrigo Dias, a ETE Tatu recebe cerca de 70% do esgoto da cidade, com eficiência de tratamento acima de 90%. O sistema adotado é holandês, chamado Nereda, uma tecnologia mais moderna, de última geração, mais adequado para Limeira, que possui um polo de semijoias.

As explicações técnicas foram passadas pelo coordenador de tratamento, Cleonildo Souza. Ele explicou que a ETE trata 450 litros de esgoto por segundo, mas tem capacidade média de tratamento de até 670 litros por segundo. Assim que o esgoto chega na estação, ele passa por um tratamento preliminar, no qual é peneirado para a remoção da sujeira bruta, que inclui papel, plástico e outros materiais sólidos. Os resíduos são direcionados para caçambas e depois vão a um aterro.

Ainda na fase preliminar é feita a retirada de areia, para que os equipamentos utilizados nas demais fases do processo não sejam danificados. São retiradas aproximadamente 15 toneladas de areia por mês nesse processo.

Após essa fase, o esgoto segue para a estação elevatória e é conduzido para o sistema de tratamento físico-químico. Esse processo, segundo o coordenador, é necessário em Limeira por causa de algumas empresas de folheados lançarem irregularmente metais no esgoto, tais como cobre, zinco e em alguns casos até cianeto. O processo físico-químico é um tratamento intermediário que retira boa parte desses metais para preservar a fase seguinte do ciclo. 

Cleonildo informou aos parlamentares que o tratamento físico-químico gera um lodo primário, formado pela sedimentação do material. O lodo é direcionado para um tanque de adensamento de lodo e é uma possível fonte de geração de odor, segundo o coordenador, por isso é lançado um produto inibidor de odor sobre o material. “A programação de lançamento é automática e lança o produto constantemente para abafar a emissão do gás sulfídrico, que é o gás que emite aquela sensação de odor, que parece enxofre”, explicou. Ele disse que, apesar de todo o tratamento, a concessionária busca formas de controlar ainda mais o odor, com a possibilidade de lançar o inibidor direto na entrada do esgoto na estação.

O lodo retirado no processo de tratamento de esgoto é direcionado ao sistema de desaguamento de lodo, no qual são geradas 1.800 toneladas do material por mês. “São quatro carretas de 25 toneladas saindo carregadas com o lodo diariamente da estação”, contou Cleonildo. Ele disse aos parlamentares que a BRK possui um contrato com uma empresa localizada em Paulínia para receber esse material.

Depois de passar por esses processos, o esgoto chega ao sistema Nereda, no qual a sujeira que está no esgoto é digerida por uma grande quantidade de microorganismos. “Depois colocamos o oxigênio necessário, o ph necessário, tudo isso para obter, no final do processo, um esgoto tratado de ótima qualidade”, disse.

Lançamento em ribeirão

Antes de ser lançado no corpo d’água, o esgoto passa por um sistema de desinfecção final para remover coliformes fecais existentes no esgoto. Nessa fase, a empresa utiliza o hipoclorito de sódio para fazer a remoção ou reduzir os coliformes a um nível adequado. “Depois de todo esse ciclo de tratamento, que leva em média seis horas, o esgoto está atendendo todas as normas e estará adequado para ser lançado no Ribeirão do Tatu”, concluiu o coordenador.

Segundo Rodrigo, ao ser lançado no Ribeirão do Tatu, após todo o tratamento, a água está mais limpa que a do próprio rio. Waguinho indagou se não é possível fazer o reuso dessa água, principalmente nessa fase de crise hídrica. O representante explicou que a empresa faz estudos para isso, pois é necessário atender uma série de exigências.

E citou algumas possibilidades de aproveitamento da água, como devolvê-la para o Ribeirão do Pinhal, para compor a massa d’água que será captada para tratamento, ou até mesmo vendê-la para empresas utilizarem na produção e, com isso, deixarem de usar a água tratada para consumo humano.

Durante a visita, o morador local Edison contou que, depois que os vereadores estiveram ao local para ouvir as reclamações da população sobre o mau cheiro, a situação melhorou. Segundo ele, antes alguns caminhões saiam da estação sem as lonas de cobertura, e agora não está mais acontecendo.

Cleonildo disse que a empresa busca melhorar o atendimento e pediu que a população local, ao verificar alguma irregularidade, como a falta de lona de cobertura, pode entrar em contato com a empresa. Os vereadores voltarão a visitar a BRK, desta vez para conhecer o funcionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Parque Hipólito. A ação está agendada para 12 de novembro (sexta-feira), às 14h30.

Foto: Câmara Municipal de Limeira

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