Bolsonaro xinga Alexandre e promete desobedecer ordem judicial em discurso a manifestantes

Em discurso na tarde deste feriado da Independência diante de manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro xingou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de “canalha” e anunciou que não cumprirá nenhuma ordem que seja emitida pelo ministro.

“Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”, disse o presidente, após defender a soltura do que chamou de presos políticos – Alexandre conduz o inquérito que apura atos antidemocráticos e já determinou a prisão de vários apoiadores do presidente, entre eles o ex-deputado federal Roberto Jefferson.

“Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro”, reforçou o presidente. Até as 17h, o STF ainda não tinha se pronunciado sobre as declarações.

Pela manhã, Bolsonaro participou do ato a favor do governo, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os manifestantes levavam cartazes em defesa do voto impresso e contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Vários pediam intervenção militar e fechamento de instituições.

Bolsonaro ficou no local por cerca de meia hora e discursou em um carro de som, acompanhado de ministros. Ele reafirmou que as autoridades devem agir dentro dos limites da Constituição e fez referência a decisões do STF, onde é alvo em quatro investigações. “Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica, da região [da Praça] dos Três Poderes, continue barbarizando a nossa população”, disse.

“Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos. Porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder da República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede pra sair”, completou.

Bolsonaro disse que, nesta terça-feira, terá reunião com ministros e também com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do STF, Luiz Fux. “Com esta fotografia de vocês [das manifestações de hoje], vou mostrar pra onde nós todos devemos ir”, disse aos apoiadores. No entanto, nenhuma das autoridades citadas confirmaram publicamente ter recebido o convite.

No fim da manhã, o presidente embarcou para São Paulo, onde participou de ato na Avenida Paulista. Após o discurso do presidente, os manifestantes começaram a deixar a Esplanada.

De acordo com a Polícia Militar do DF, uma pessoa foi detida, por portar drogas e quatro celulares. Outro flagrante foi registrado atrás do Ministério da Economia, por porte de drogas e de arma branca. A pessoa assinou Termo de Compromisso e foi liberada. A PM encontra-se com efetivo em toda a área central da capital, monitorando a movimentação dos manifestantes contra o governo e pró-governo. Pela manhã, também houve atos contra o presidente, em Brasília.

Com informações da Agência Brasil

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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