Acusado de feminicídio em Limeira usou “mata-leão” e alegou ciúme

O delegado Eusmar Danilo Bortolozi Broetto, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Limeira, encaminhou à Justiça o relatório final de inquérito policial sobre o feminicídio de Adrieni Pereira Mota, no dia 15 deste mês, no apartamento de um condomínio nas imediações do Jardim do Lago. Para a Polícia Civil, não há dúvidas que o companheiro dela, F.S.L., é o autor do crime, porém, o Ministério Público (MP) ainda formalizará a denúncia. Em interrogatório, o rapaz confessou o feminicídio e afirmou que matou Adrieni por ciúme e o golpe fatal foi um “mata-leão”.

Além dele, a Polícia Civil ouviu testemunhas para concluir o relatório e montar a rotina do indiciado no dia do feminicídio. Também analisou o passado de F. e apontou à Justiça outros dois casos de violência doméstica ocorridos em 2019 e em 2020, onde o rapaz configura como autor e Adrieni como vítima. O indiciado estava em liberdade havia pouco mais de um mês e, com a vítima, teve uma filha com um ano de idade. Testemunhas relataram à polícia que o relacionamento do casal era conturbado, com brigas frequentes, mas que nos últimos dias estavam bem.

No dia do crime, uma quarta-feira, a filha do casal estava na casa da mãe dele e por volta de 17h, como de costume, ele foi buscá-la. No entanto, a irmã do indiciado estranhou a ausência de Adrieni, que sempre o acompanhava na retirada da filha, e perguntou sobre o paradeiro da cunhada. O rapaz mentiu para a irmã, disse que ela tinha ficado em casa para trabalhar com joias. Em seguida, ele começou a brincar com a filha.

O caso só veio à tona mais tarde, quando a mãe de F. começou dar gritos de desespero perguntando o que ele tinha feito. A mãe já tinha percebido que algo não estava correto porque notou arranhões no rosto e nos braços do filho, e passou a insistir sobre algo de errado. E determinado momento, ele a chamou num dos quartos e disse: “acho que fiz uma besteira”. Confessou que tinha brigado e agredido a companheira, a deixando desacordada no quarto, sem saber se ela estava desacordada ou em óbito.

Ele não permitiu que a mãe e a irmã fossem até o apartamento, nem que acionassem socorro médico. Por conta própria, e com um motorista de aplicativo, disse que iria até o local e depois sumiu. Diante da ausência dele, a irmã avisou a polícia, relatou o que tinha ocorrido e Adrieni foi encontrada morta no apartamento. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou como causa da morte asfixia mecânica, devido a constrição cervical por mão (esganadura).

CONFESSOU O CRIME
A prisão de F. ocorreu no dia 20, em Elias Fausto, e ele foi trazido para prestar depoimento à Polícia Civil. Com ele, os policiais localizaram o celular da vítima.

Em seu interrogatório, confessou ter matado a vítima com um golpe de “mata leão”, após uma discussão entre ambos porque ele ficou com ciúmes. O crime ocorreu por volta de 15h e, após o golpe, ele afirmou que tentou reanimá-la por 20 minutos, mas não teve sucesso. “O comportamento do agente releva sua indiferença com a vida alheia, notadamente de sua companheira, pois ao desferir um golpe de mata-leão contra ela, não acionou qualquer pedido de socorro ou ajuda para minimizar os danos, se é que isso seria possível, mas independentemente da eficácia, o agente sequer tentou. Ainda constata-se que o indiciado permaneceu por mais de hora no interior do apartamento, local dos fatos, com a vítima caída no chão do quarto desacordada ou já morta, sem tomar qualquer iniciava, o que evidencia a sua vontade livre e consciente em dar fim à vida da companheira”, descreveu o delegado no relatório.

A Polícia Civil atribui a F. a autoria do crime de homicídio com três qualificadoras: feminicídio, meio cruel e mediante recurso que dificulte a defesa da vítima. O relatório da Polícia Civil será analisado pelo Ministério Público (MP), que pode aceitar sua integralidade ou pedir mais diligências antes de formalizar a denúncia. O indiciado está preso.

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