Veja como os vereadores analisam a paralisação dos ônibus em Limeira em dia de votação sobre subsídio

No dia em que os vereadores de Limeira decidirão sobre a polêmica reserva de R$ 20 milhões para o sistema de transporte público, a empresa Sancetur (SOU Limeira) resolveu parar e os limeirenses amanheceram sem ônibus. Muitos ficaram esperando nos pontos de ônibus nas primeiras horas da manhã.

A Prefeitura afirmou, por meio de nota, que foi surpreendida com a paralisação. Não há informações se ao longo da manhã a empresa deu explicações ao Executivo sobre o assunto.

O DJ questionou todos os 21 vereadores sobre o posicionamento deles diante deste cenário. Veja:

Lemão da Jeová Rafá
“Sempre quando se fala de transporte público não é fácil, ainda mais quando se trata de  subsídio. Que não existe ilegalidade quanto ao mesmo, especialmente para mantermos o transporte funcionando, isso é fato. Agora, fomos pegos de surpresa pela viação ou, se for o caso, pelos motoristas quanto a esta paralisação, já que hoje vamos votar o projeto do subsídio. Mesmo sem saberem o resultado, foi feita esta paralisação. Tremenda falta de respeito com a população, já que, segundo informações, a empresa não tem deixado de receber repasse da Prefeitura e nem os funcionários estão com salários ou vales atrasados”.

Dr. Julio
“Vejo como um ato de pressão sobre a Câmara Municipal. Maneira muito baixa que, de maneira sorrateira, prejudica a população que mais precisa. Com certeza, isso não intimidará os vereadores, pois cabe ao Executivo tomar as providências cabíveis uma vez que, há um mês, foi renovado o contrato emergencial e a empresa já conhecia os fatos”.


Ceará
“Eu entendo que esta paralisação é crime, pois nunca vi empresa impedir os funcionários de trabalhar, como está acontecendo hoje. Vejo que estão tentando forçar os vereadores a votar a favor deste projeto, mas este vereador não vai ceder à chantagem. Como diz o ditado: ‘o uso do cachimbo, deixa a boca torta’, ou seja, na legislatura passada o Executivo dava ordens aos vereadores, mas nessa legislatura não será assim. Por fim, quero esclarecer que irei exercer minhas prerrogativas, como prevê a Constituição Federal, Estadual e Municipal, inclusive o Regimento Interno desta Câmara”.

Mariana Calsa
“Infelizmente, chegamos em uma situação extrema que prejudica diretamente a população, que sentiu na pele a falta de um serviço essencial. Já há algum tempo que temos conversado sobre esta questão na Câmara, respeito a decisão de todos os colegas, mas há um mecanismo contratual que precisa ser atendido para manutenção do serviço público e precisamos ser racionais nesta decisão para evitarmos danos maiores. O processo licitatório vai acontecer neste ano e teremos a oportunidade de tratar de forma ainda mais aprofundada a questão do transporte em Limeira, buscado a melhoria do serviço e menor prejuízo à população”.

Isabelly Carvalho
“Os trabalhadores não podem ficar reféns e ter de escolher entre abrir o cofre ou ser lesado em um de seus direitos fundamentais básicos, como o transporte público. E tudo isso em um município onde não há leitos de UTI, saúde beirando ao colapso e pessoas morrendo. O trabalhador não pode pagar essa conta sozinho”.

Nilton Santos
“Um projeto de quatro linhas que autoriza o repasse de R$ 20 milhões para a empresa de ônibus, que ano passado já recebeu 12 milhões e agora alega prejuízo? E os comerciantes e os trabalhadores, não tiveram prejuízos na pandemia? Por que só a empresa não pode passar por aperto? No momento estou enfrentando um grave problema de Covid com minha mãe e meu pai e não estou em condições de participar”.

Marco Xavier
“Mais uma vez Limeira se vê refém da empresa de transporte público, como se não bastasse os anos de contrato com a empresa Limeirense, agora com contrato emergencial a empresa Soul nos faz de reféns. Além das exigências de subsídios milionários, hoje, a empresa paralisa as suas atividades. Não podemos aceitar esta pressão para que aprove mais dinheiro para a Sancetur. Contra o subsídio de R$ 20 milhões, a favor da licitação do transporte”.

Everton Ferreira
“Não precisaria parar, especificamente hoje. Não estou na empresa para entender as razões pelas quais estão fazendo isso, mas falo pelo usuário do transporte, que foi penalizado de uma hora para outra por uma decisão da empresa. No meu ponto de vista, a paralisação poderia esperar no mínimo a decisão da Casa, para depois decidir o que iriam fazer”.

Waguinho da Santa Luzia
“Infelizmente, quem paga não é o vereador, nem o prefeito, e sim a população que precisa do transporte coletivo para trabalhar. Se a Prefeitura quisesse tomar uma posição, já teria tomado. Quando a empresa enviou o ofício [em que ameaçou a suspensão do serviço], a Prefeitura poderia ter entrado na Justiça com uma liminar solicitando os veículos na rua. Parece haver concordância entre Executivo e empresa no que está sendo feito”.

Ju Negão
“Estamos diante de uma situação bastante complexa em relação ao transporte coletivo no atual momento, em especial neste último um ano e meio de pandemia. Sabemos que em todo lugar deste Brasil o sistema de transporte coletivo tem necessitado do auxílio dos municípios [subsídios] para manutenção e prestação do serviço que tem como prerrogativa constitucional e obrigação do poder público a sua manutenção. Na cidade de Limeira não tem sido diferente, onde transportava-se algo em torno de 1,5 milhão de passageiros, hoje a realidade é bem diferente, transporta-se algo em torno de 550 mil, sendo que destes algo em torno de 30% são gratuidade. O projeto que está em discussão não tem tido o entendimento necessário e suficiente para sua aprovação. Entendo e respeito o posicionamento de todos os vereadores, sejam eles favoráveis e também os contrários, pois afinal estamos falando de um valor bastante elevado aos olhos da população que muitas vezes não tem o conhecimento suficiente para saber os custos da manutenção do mesmo. Pra falar bem a verdade, ficamos em uma situação sem muita saída, se votamos o subsídio somos massacrados por parte da população que muitas vezes sequer utiliza o transporte e se não votamos, acontece o que ocorreu hoje, a possibilidade de paralisação do transporte e colapso do sistema.  Já em relação à paralisação do transporte no dia de hoje, vejo como uma falta de respeito para com a população de nossa cidade, visto que pelo que nos foi informado os salários estão em dia, sendo previsto para o dia 20 parte do vale dos funcionários. A informação que chegou a este vereador foi que a paralisação não partiu dos funcionários da empresa, pois os mesmos queriam sair para trabalhar. Sendo assim chego a entender como uma certa pressão para que seja votado e aprovado o projeto do subsídio no dia de hoje. Estou confiante de estar fazendo aquilo que me foi confiado enquanto vereador e representante da nossa população, sempre pensando na coletividade”.

Elias Barbosa
“Lamentável, uma paralisação com um único fim e traz às claras de toda a população a pressão sofrida por aqueles que legislam e querem o melhor para a nossa cidade”.

Terezinha Guarnieri
“Lamento que atos desta natureza prejudiquem a maior parte da população que utiliza do transporte para trabalhar. A suspensão das atividades nesta quinta-feira trouxe prejuízos aos pais de família e tantos outros limeirenses, que foram pegos de surpresa logo cedo. É lamentável! O transporte público é um assunto sério e polêmico, de debates na Câmara Municipal, não é de hoje, mas que nesse momento merece uma atenção mais que especial. Aos nobres colegas, vereadores, meu respeito e que tomemos a melhor decisão para que a população não sofra novamente as consequenciais com a falta de transporte, especialmente neste momento de grande crise que vivemos na pandemia, onde grande parte da nossa mão de obra necessita do transporte público”.

Tati Lopes
“Vejo com muita preocupação a paralisação do transporte. A população já sofre com tantos problemas, em meio a uma pandemia, infelizmente não poderia acontecer isso, por esse motivo votei favorável ao regime de urgência justamente pela importância do assunto, que ele deve ser discutido e não adiado .
Precisamos de uma solução que não prejudique a população”.

Não se manifestaram, até a publicação desta reportagem: Airton dos Santos, Betinho Neves, Anderson Pereira, Constância Félix, Hélder do Táxi, João Bano, José Roberto Bernardo, Lu Bogo.

A sessão on-line está prevista para começar às 13h e terá transmissão pelos canais da Câmara de Limeira.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.