Toda Luz Que Não Podemos Ver – Um belo drama de guerra faz sucesso na Netflix

por Farid Zaine
@farid.cultura

“Toda Luz que não Podemos Ver” é um livro escrito por Anthony Doerr lançado em 2014, vencedor do Prêmio Pulitzer de ficção. Consta que Doerr levou dez anos para concluir seu caudaloso romance, com 528 páginas na edição brasileira da Intrínseca. Logo que tive contato com o livro, já imaginei como seria a adaptação para o cinema, pois me parecia inevitável que isso fosse acontecer. Aconteceu agora, mas o livro se transformou numa minissérie homônima da Netflix, embora seja puro cinema. A minissérie “Toda Luz Que Não Podemos Ver” é dirigida por Shawn Levy e seus 4 episódios juntos somam quase quatro horas de duração. A obra é totalmente cinematográfica: é um comovente drama de guerra, com todos os ingredientes para causar emoção e provocar lágrimas, além de fazer acentuar o ódio aos nazistas , pois a trama se desenrola na França ocupada no final  da Segunda Guerra, e acompanhamos a resistência francesa fazendo o que pode enquanto aguarda a chegada redentora do exército americano. A produção é espetacular, com requintada reconstituição de época, primorosa direção de arte, efeitos visuais e sonoros perfeitos.

“Toda Luz Que Não Podemos Ver” é a história de uma menina cega, Marie-Laure (Aria Mia Loberti) na cidade francesa de Saint-Malo, que todos os dias faz transmissões num rádio clandestino lendo mensagens codificadas, como a leitura de “20.000 Léguas Submarinas”, de Júlio Verne. Ela também tenta se comunicar com o pai, Daniel Leblanc (Mark Ruffalo), ao qual sempre foi extremamente ligada, e de quem foi separada, quando a Gestapo o levou, pois um alto oficial do exército alemão procurava obstinadamente uma pedra preciosa que tinha sido escondida por Daniel, exatamene para protegê-la contra os nazistas . O tio de Marie, vivido por Hugh Laurie, tem também grande conexão com ela, e o tempo mostra um forte vínculo que existia antes entre ambos, sem que nenhum soubesse. O rádio, que passou a ser um elemento fundamental para que as tropas inimigas do nazismo pudessem agir, passou a ser também objeto de perseguição por parte do exército alemão, ao ponto de ser executado aquele que fosse descoberto em escutas e transmissões proibidas. Na história, personagem fundamental é o jovem soldado alemão Werner Pfenning (Louis Hofmann), um órfão levado precocemente para o exército por causa de sua genialidade revelada na extrema habilidade de lidar justamente com o rádio.

As vidas de Marie-Laure e Werner se cruzam inevitavelmente, num cenário dramático em que a cidade de Saint-Malo vira palco de violência e destruição, com a população tentando sobreviver, defendendo-se dos bombardeios , e muitas vezes colocando as próprias vidas em risco para proteger a França.

“Toda Luz Que Não Podemos Ver” tem brilhante fotografia e as emoções comuns em filmes de guerra são fortemente acentuadas pela magnífica trilha sonora de James Newton Howard.

A menina cega , Marie-Laure, é interpretada por uma jovem e novata atriz, Aria Mia Loberti, descoberta entre milhares de candidatas, pelo diretor Levy. Ela é deficiente visual e nunca tinha feito nada como atriz, tendo tido até então apenas uma formação acadêmica. Seu teste encantou o diretor e, num primeiro e único trabalho, Aria Mia Loberti ficou conhecida mundialmente, uma vez que a minissérie é hoje uma das mais vistas da Netflix. Sucesso merecido.

Há muitas diferenças entre os destinos das personagens no livro e no filme. Como se trata de ficção, tudo bem que o roteirista tenha optado por soluções que achou que caberiam melhor na história filmada. Para quem se interessou pelo assunto de “Toda Luz Que Não Podemos Ver”, ficam à disposição as 528 páginas do livro e as 4 horas de duração da minissérie. Dá para enfrentar as duas coisas numa boa.

TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER (All the Light We Cannot See), EUA, 2023 – Minissérie em 4 episódios, todos disponíveis na Netflix.

Cotação: ****MUITO BOM

Foto: Reprodução

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