Presença de alunos em aula presencial em Limeira foi 50% abaixo do esperado

Em nota técnica na qual defendeu uma série de medidas para amenizar os efeitos da pandemia de Covid-19 no processo de aprendizagem dos estudantes de Limeira, o Conselho Municipal de Educação (CME) fez uma ampla análise sobre o impacto no aspecto educacional e revelou a baixa presença dos alunos no curto período em que as aulas puderam voltar ao ritmo presencial em Limeira.

Entre 15 de fevereiro e 5 de março de 2021, a frequência dos estudantes foi abaixo de 50% do esperado, “pois a maioria dos pais optou por manter seus filhos exclusivamente em ensino remoto”, diz a nota do conselho.

Na reflexão, o órgão lembrou que muitas ações foram tomadas em 2020 para o controle da Covid-19, entre elas a suspensão das aulas presenciais no mês de março em todas as escolas, com o objetivo de manter o isolamento social. Com isso, as redes de ensino adotaram medidas para a continuidade dos estudos sem perdas significativas.

O ensino híbrido foi a solução mais adotada, segundo o CME. “Os estudantes passaram a realizar as atividades escolares em casa, quer por meio de material impresso, quer pela utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em atividades/aulas síncronas e/ou assíncronas, ou mesmo pela combinação de mais de uma estratégia”, diz a nota.

Aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, e-mails, plataformas digitais e de compartilhamento de vídeos, além das redes sociais, se tornaram canais de comunicação entre a família e escola e de suporte para o processo de ensino e aprendizagem. Tudo feito sob orientações de conselhos de educação. O de Limeira publicou documentos para nortear as ações educacionais locais.

Segundo o órgão, apesar dos desafios e das consequências – abandono escolar, ampliação das desigualdades sociais, defasagens de ensino e aprendizagem e aumento da vulnerabilidade social – o ano de 2020 terminou, mas a pandemia continuou a trazer preocupações e a impor medidas restritivas sanitárias.

Mesmo contrariando posição de sindicatos, organizações e instituições, o ano letivo de 2021 começou em Limeira de forma presencial, seguindo os protocolos sanitários – em fevereiro, a cidade estava na Fase Laranja do Plano São Paulo, o que permitia a presença de, no máximo, 35% dos alunos de forma presencial nas unidades. A presença, inclusive, era facultativa, conforme decisão da família.

Para o retorno, as escolas criaram o Comitê de Acompanhamento dos Protocolos (CAP) composto por representantes dos professores, funcionários, pais/responsáveis de estudantes, e de pessoas da comunidade. Houve reuniões com pais a respeito do escalonamento do atendimento presencial, mas a frequência dos alunos ficou bem abaixo do esperado.

Em relação ao público de 0 a 3 anos, o Conselho de Educação demonstra preocupação com o retorno presencial. “Este público exige interação e contato direto com o profissional de educação”, cita. Outra inquietação é quanto ao atendimento dos estudantes público-alvo do Atendimento Educacional Especializado (AEE). “Sendo as escolas inclusivas, é preciso considerar que todos são beneficiados com as interações presenciais, inclusive os estudantes do AEE, que têm sua interação enriquecida pela orientação direta, pelo envolvimento com o professor da sala e pelas trocas sociais. Entretanto, para tais estudantes as aulas presenciais trazem grande preocupação e desafio quanto às medidas sanitárias que garantam a segurança no que se refere à saúde e à prevenção”.

As aulas presenciais foram novamente suspensas em Limeira no início de março com o agravamento da pandemia em todo o Estado de São Paulo.

Impactos

Estudos recentes divulgados no portal da Unesco revelaram os impactos da suspensão das aulas presenciais na vida dos estudantes e são mencionados no documento do CME de Limeira. “Como consequências desfavoráveis do fechamento das escolas, têm-se: diminuição do contato social, que é um fator tão importante na fase escolar; maior exposição infanto-juvenil à violência e à exploração; má nutrição; carências no cuidado relacionado à criança, uma vez que os pais precisam sair para trabalhar e os filhos ficam em casa sozinhos; aprendizagem interrompida na medida em que os estudantes ficam sem meios para desenvolver-se, o que também amplia as desvantagens nos casos de crianças e jovens menos privilegiados economicamente; elevação dos índices do abandono escolar; e retrocessos na aprendizagem e impactos psicossociais nas crianças e jovens”.

Os conselheiros também entendem que a pandemia tende a aumentar em 1/3 o déficit no financiamento educacional e, em termos de aprendizagem, foram prejudicados cerca de 2/3 do ano letivo de 2020. “Os impactos também recaíram sobre gestores, docentes e pais que precisaram se reinventar para atender as novas demandas, sem ao menos terem instrumentos suficientes para aferir a aprendizagem dos estudantes”, completa o texto.

As ações defendidas pelo Conselho para o momento foram reveladas pelo DJ na última sexta-feira (leia aqui).

Foto: Prefeitura de Limeira

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