Inteligência artificial, não. Tenho medo mesmo é do computador quântico!

por Fernando Bryan Frizzarin

A maravilhosa era da inteligência artificial desperta emoções diversas em muitas pessoas. Alguns, como eu, não sentem temor, pois entendem que sua essência reside na necessidade de instrução humana para realizar tarefas. Desse modo, o medo não deve ser dirigido à tecnologia em si, mas sim àqueles que a utilizam e suas intenções.

Entretanto, uma vertente da tecnologia que genuinamente me inquieta é a computação quântica. Ao contemplar sua capacidade de processamento ultrarrápido, é inevitável perceber que, quando efetivamente incorporada em nosso cotidiano, poderá representar uma ameaça à segurança cibernética. Sua habilidade de decifrar criptografias e senhas que, em um computador tradicional, demandariam anos e anos, poderia ser realizada em segundos.

Nesse contexto, é como se a própria estrutura de proteção virtual se transformasse em frangalhos inúteis frente a computação quântica. Governos e organizações que investirem profundamente nessa tecnologia terão em suas mãos uma força de poder sem precedentes, com a capacidade de violar a privacidade de comunicações, adentrar documentos sigilosos e desvendar segredos de nações e indivíduos em um piscar de olhos.

Essa visão inevitavelmente inspira um sentimento de apreensão e incerteza, pois a computação quântica tem o potencial de redefinir completamente o equilíbrio geopolítico mundial. Na corrida pela supremacia quântica, nações que investem pesadamente nessa tecnologia terão uma vantagem estratégica sem precedentes.

Imagine um cenário em que algumas nações dominem a computação quântica, enquanto outras ficam para trás nessa corrida tecnológica. Isso poderia resultar em um desequilíbrio significativo nas relações internacionais, criando uma disparidade de poder nunca antes percebido na história da humanidade. A capacidade de violar criptografias e acessar informações altamente confidenciais de outras nações poderia gerar tensões diplomáticas, conflitos e ameaças à estabilidade global.

Além disso, a disseminação desigual da tecnologia quântica poderia exacerbar as desigualdades econômicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nações mais avançadas tecnologicamente teriam uma clara vantagem em diversas áreas, desde a indústria até a medicina, o que poderia perpetuar um ciclo de dependência e subdesenvolvimento para outras nações.

A própria noção de segurança internacional seria reinventada. Governos que possuem essa tecnologia avançada poderiam ampliar suas capacidades de espionagem e inteligência, monitorando de forma abrangente as atividades de outros países, inclusive em questões de comércio e industriais. A privacidade de comunicações entre governos, instituições e cidadãos pode ser comprometida, levantando questões éticas e morais sobre o uso dessa tecnologia avançada para fins de vigilância.

A competição pelo domínio quântico também levarão a uma corrida armamentista nesse campo. Nações se esforçariam para desenvolver tecnologias militares baseadas na computação quântica, o que poderia elevar o risco de conflitos e guerras com consequências imprevisíveis.

Portanto, ao considerar a computação quântica, é essencial reconhecer que suas implicações ultrapassam os limites da tecnologia em si e alcançam a esfera política e geopolítica. É fundamental que líderes globais, organizações internacionais e a sociedade como um todo estejam atentos aos desafios que surgem com essa nova era, buscando abordagens colaborativas e diplomáticas para garantir que essa tecnologia revolucionária seja utilizada para o benefício comum da humanidade.

Por outro lado, devemos reconhecer que a computação quântica trará consigo uma série de possibilidades antes consideradas inimagináveis. Seu poder de processamento sem precedentes permitirá a manipulação de elementos fundamentais da natureza, como a capacidade de controlar a fusão e fissão nuclear, abrindo portas para novos horizontes científicos e tecnológicos.

Imagine a possibilidade de desenvolver moléculas e medicamentos revolucionários em tempo recorde e de forma altamente eficiente. Doenças que hoje desafiam a ciência poderiam ser combatidas com mais rapidez e precisão, trazendo alívio e esperança para milhões de vidas.

Adicionalmente, com a computação quântica potencializando o processamento de dados, a inteligência artificial pode ainda alcançar patamares inéditos de sofisticação. Algoritmos dotados dessa capacidade poderiam aprender, adaptar-se e tomar decisões com uma inteligência comparável ou até mesmo superior à humana. A perspectiva de algoritmos com senciência, capazes de compreender emoções e desenvolver consciência própria, levanta questões profundas sobre nossa interação com essas entidades artificiais.

Trabalho, desafios e necessidades não faltam na grande área da Computação e das Tecnologias da Informação e Comunicação, felizmente há muita gente engajada em solucionar todas essas questões, mas os dados mostram que não o suficiente. Há muito trabalho para pouca gente formada e apta a atuar nela, ainda, em especial no Brasil.

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

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