por Irineu Barreto
Nos últimos anos a internet tem se consolidado como uma ferramenta essencial para diversas atividades do cotidiano. Contudo, a Fundação Seade, em análise recente dos dados sobre habilidades digitais da pesquisa TIC Domicílio (Cetic.br), revelou um dado importante: enquanto 88% da população paulista com mais de 10 anos é usuária da internet, apenas 51% da população com 60 anos e mais acessa à rede. Essa disparidade evidencia os desafios enfrentados nesse segmento etário no que diz respeito ao universo digital.
Um dos principais aspectos destacados na pesquisa é a importância das habilidades digitais. Estas envolvem desde a capacidade de buscar informações na internet até a adoção de medidas de segurança nos dispositivos. Observa-se que pessoas mais jovens, de famílias de maiores rendimentos e com nível de escolaridade mais elevado tendem a possuir um domínio maior dessas habilidades. Além disso, o acesso à internet por meio de diferentes dispositivos, como computadores e tablets, contribui para um desenvolvimento mais expressivo dessas aptidões.
A pesquisa também sinaliza que a desinformação pode afetar de forma mais significativa a população mais idosa. Enquanto metade dos usuários paulistas verifica a veracidade das informações encontradas na internet, apenas 35% das pessoas com 60 anos e mais adotam essa prática. Isso ressalta a necessidade de programas voltados para o uso responsável da internet e do aperfeiçoamento dos mecanismos de controle sobre as plataformas digitais.
Em pesquisa própria sobre hábitos de consumo pela internet, o Seade destaca que 68% da população paulista realizou compras on-line. Entretanto, novamente observa-se uma disparidade significativa entre as faixas etárias, com apenas 37% das pessoas com 60 anos ou mais realizando compras pela internet. Isso ressalta a importância de incentivar a inclusão digital desse segmento etário, proporcionando acesso a oportunidades e conveniências oferecidas pelo comércio eletrônico.
Além disso, o Seade investigou o acesso aos serviços eletrônicos do governo paulista, como os oferecidos pelo Poupatempo e Detran. O estudo revela que 40% da população utilizou esses serviços, sendo o acesso mais significativo entre os mais jovens e escolarizados. Esta realidade evidencia a necessidade de tornar tais serviços mais acessíveis e intuitivos, especialmente para a parcela da população que não cresceu em um ambiente digital.
Os dados apresentados pela Fundação Seade apontam para a urgência de políticas públicas e iniciativas privadas voltadas para a inclusão digital da população idosa em São Paulo. Isso envolve desde a oferta de cursos de capacitação até a adaptação dos serviços eletrônicos para atender às necessidades e desenvolver habilidades específicas desse grupo etário. Assim será possível propiciar que todos os cidadãos tenham acesso equânime aos benefícios proporcionados pela era digital.
Irineu Barreto é analista de pesquisas da Divisão de Estudos e Projetos Sociais da Fundação Seade
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