A Justiça de Limeira julgou no mês passado um caso emblemático que envolve um rapaz que se tornou réu por extorsão, crime previsto no artigo 158 do Código Penal, cuja pena pode chegar a dez anos de reclusão. Em junho do ano passado, ele enganou uma mulher de 61 anos exigindo dinheiro para libertar o filho, que tinha sido sequestrado, mas não por ele. O filho da vítima foi morto e seu corpo ocultado num canavial.

Na época do crime, a Polícia Civil atribuiu o sequestro a uma facção criminosa e, aproveitando-se da situação, o réu, identificado como P.L.P., foi à casa da mãe do rapaz, disse que sabia o que tinha acontecido com o ele e exigiu R$ 120 para que o “pessoal” o libertasse. Na esperança de ver seu filho solto, a idosa entregou R$ 150. No outro dia, P. retornou novamente à casa da mulher e exigiu mais R$ 140. A vítima tinha R$ 100 e entregou o valor para o réu. A idosa nunca mais viu seu filho vivo, pois, segundo apurado, ele foi morto e o corpo ocultado num canavial. Os policiais acreditam que ele foi executado durante um “tribunal do crime”.

A Polícia Civil começou a investigação do caso e descobriu a identificação de P., que foi indiciado e denunciado pelo Ministério Público (MP). A Justiça abriu a ação penal contra ele em 14 de agosto do ano passado.

Em juízo, o réu confessou o crime e disse que não tinha qualquer ligação com o sequestro e morte do filho da idosa.

Justificou que soube da situação, se aproveitou para “levantar uma grana” e descreveu sua estratégia. Afirmou que conseguiu uma foto do filho da vítima numa rede social, arquivou em seu celular e cerca de dois dias depois do sequestro foi até à casa da mulher. À Justiça, confessou que era tudo mentira, que foi “um momento de bobeira” e estava arrependido.

APROVEITOU A FRAGILIDADE EMOCIONAL DA VÍTIMA
O juiz Rudi Hiroshi Shinen, da 2ª Vara Criminal de Limeira, analisou a acusação e condenou o réu e mencionou na sentença que que o réu se aproveitou da fragilidade emocional da vítima. “A confissão do réu foi amplamente corroborada pelos depoimentos da vítima e das demais testemunhas, no sentido de o denunciado haver exigido valores utilizando o pretexto de falsamente liberar o filho da vítima, que fora efetivamente sequestrado dias antes, claramente se aproveitando do frágil estado emocional em se encontrava a vítima, constrangendo-a a entregar quantias em dinheiro”.

Para a definição da pena, o magistrado considerou que o réu cometeu o crime duas vezes e o sentenciou a cinco anos e cinco meses de prisão, em regime inicial fechado. A defesa pode recorrer da sentença.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.